lavoro

Fabricante de calçado Lavoro investe dois milhões de euros

Equipamento de protecção individual Notícias

A Lavoro, fabricante portuguesa de calçado profissional, está a investir dois milhões de euros na deslocalização da actividade logística para a Póvoa do Lanhoso e na modernização da unidade industrial de Guimarães, prevendo duplicar a produção até 2021.

Teófilo Leite, presidente da ICC – Indústria de Comércio de Calçado, detentora da marca Lavoro, disse à agência Lusa que “a transferência da actividade logística para as novas instalações da Póvoa do Lanhoso, com 2.000m2, assegura a possibilidade de fazer mais de 100 expedições por dia para meia centena de destinos de exportação”.

A transferência de instalações libertou espaço na unidade produtiva da Lavoro, em Guimarães, permitindo concretizar os investimentos de expansão, modernização e robotização necessários para a pretendida duplicação da capacidade de produção da empresa.

De acordo com o responsável, “mantemos o objectivo de duplicar a capacidade de produção. Este ano vamos fazer meio milhão de pares. No próximo ano estamos a projectar 700.000 pares e ficamos preparados para, nos dois anos seguintes, chegarmos ao milhão de pares”.

Também prevista para o próximo ano está a autonomização do centro tecnológico da Lavoro — o Spodos — Foot Science Center — criado para promover o desenvolvimento e o aconselhamento técnico na área do calçado profissional e que passará a ter atividade empresarial própria dentro do grupo ICC.

“Em termos organizacionais começamos a verificar a necessidade de autonomizar alguns departamentos, para lhes conferir alguma autonomia de gestão, embora sempre enquadrados dentro do grupo”, explicou Teófilo Leite.

De acordo com o empresário, tem passado precisamente pela inovação e desenvolvimento de novos produtos pelo Spodos a aposta da Lavoro em evoluir “de sapateiros para engenheiros de sapatos”.

“Com a inovação que temos feito e o desenvolvimento de produtos que temos apresentado devido ao trabalho que tem sido feito pelo Spodos queremos tratar não só da segurança, mas da segurança e da saúde dos pés, que é cada vez mais uma necessidade”, referiu.

Assim, além de questões centrais no calçado de segurança (como a proteção contra objetos pesados, a perfuração ou as altas temperaturas), o foco na saúde do pé implica a análise de questões como a volumetria do pé, a pressão plantar, a gestão do clima no sapato e o recurso a materiais anti bactéria que minimizem a hipótese de infeções.

Teófilo Leite

Na feira EMAF, que termina hoje na Exponor, em Matosinhos, um dos produtos da Lavoro em destaque é um modelo de botas de combate recentemente desenvolvido, que recebeu a certificação ‘Army Tested’ por parte do Exército português e calça o 8.º contingente de militares que Portugal enviou no início do mês para o Iraque.

De acordo com Teófilo Leite, estas botas foram concebidas no âmbito de um consórcio que a Lavoro integra com o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (CITEVE) para o desenvolvimento de novos sistemas de combate do soldado, pretendendo agora a empresa que a certificação obtida abra as portas da exportação.

“Com esta certificação esperamos ver facilitada a exportação deste produto para outros países”, disse, revelando estar a “olhar em particular para todos os países lusófonos, mas também para todos os outros com os quais a indústria nacional tem já relações comerciais”.

Aliás, segundo o empresário, a área militar já é “bem conhecida” da Lavoro, que exporta calçado militar “de uma geração mais antiga” para vários países de África e para Omã, estando também “em discussões com a NATO” [do inglês North Atlantic Treaty Organization ou Organização do Tratado do Atlântico Norte em português], entidade à qual já fornece indiretamente botas “através de um cliente”.

“Com este desenvolvimento feito agora queremos estar na liderança do calçado para militares”, destacou.

Na EMAF a Lavoro apresenta ainda novas proposta de calçado profissional adequadas à anatomia do pé feminino e estreia-se no lançamento de uma gama de acessórios desenvolvida pelo Spodos, entre os quais um creme para hidratação dos pés e palmilhas ergonómicas.

De capital exclusivamente português, a ICC reclama a liderança nacional na produção de calçado profissional, empregando 220 trabalhadores em Guimarães, de onde exporta 80% da produção para um milhar de clientes de mais de meia centena de mercados sob as marcas Lavoro, No Risk, Portcal e Go Safe.

Dos 13 milhões de euros facturados em 2016 o objetivo da empresa é atingir os cerca de 20 milhões de euros até 2020.

Segundo a Lavoro, o calçado profissional inclui-se na categoria de EPI – Equipamentos de Protecção Individual, e pode ser classificado em três grupos – segurança (ISO 20345:2011), protecção (20346:2004/ad.A1:2007) e ocupacional (20347:2012).