Prosegur Research observa presente e futuro da segurança global

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A Prosegur decidiu criar um espaço de análise e reflexão sobre o presente e o futuro da segurança global: a Prosegur Research. Com a criação deste espaço , a Prosegur quer antecipar os desafios e oportunidades que determinarão a evolução da sociedade nos próximos anos.

A Prosegur Research pretende tornar-se num ponto de encontro de todos os profissionais de segurança e contribuir para a divulgação da cultura de segurança.

O projecto contará com a colaboração de um vasto painel de investigadores e analistas, tanto externos como internos, ligados a instituições académicas e científicas de referência.

Nas palavras de Fernando Abós, CEO da Prosegur Security e impulsionador da iniciativa, “A Prosegur Research surge num contexto de tensão e incerteza, especialmente complexo e difuso em matéria de segurança. É tempo de criar um fórum de reflexão e debate sobre o presente e o futuro da segurança. Queremos partilhar com a sociedade o conhecimento acumulado nos nossos mais de 45 anos de atividade e juntar a esta iniciativa todos aqueles que querem ajudar-nos a antecipar os desafios do futuro. Sempre ajudados pela inteligência e pelas oportunidades que a inovação e o progresso tecnológico nos trazem”.

A Prosegur Research irá preparar relatórios periódicos que abordarão questões relacionadas com vários domínios da segurança tais como a inovação, tecnologia, ambiente ou criminalidade.

Da mesma forma, revelará o impacto destas questões nas empresas e nos diferentes setores de atividade económica.

Para o lançamento da Prosegur Research foram publicados dois estudos: “Um mundo diferente: elementos-chave para o futuro” e “O mundo em 2022“, nas quais se aprofundam as principais tendências e elementos-chave para o futuro no campo da segurança global.

Nestes estudos, a Prosegur Research antecipa várias tendências, por um lado, o aumento da agitação social decorrente da polarização extrema existente, o forte desgaste da confiança nas instituições agravado pelas dificuldades na gestão da pandemia e a acentuada frustração causada pelas difíceis circunstâncias económicas, sanitárias e sociais vividas durante 2020 e 2021.

Com efeito, o estudo prevê um aumento da criminalidade organizada e dos cartéis organizados, dada a sua elevada capacidade de adaptação, disponibilidade de recursos e maior controlo social das organizações criminosas em certos territórios, aproveitando-se da crise.

Nestes dois primeiros relatórios, os analistas da Prosegur Research definiram sete elementos-chave para o futuro que estão a moldar um novo ambiente global e que terão impacto na percepção e gestão dos riscos de segurança nos próximos anos: poder difuso, polarização social, redefinição do modelo económico, capacitação individual, convergência tecnológica, saúde e bem-estar e, por fim, ambiente e sustentabilidade.

Poder difuso: a era da desordem

A actualidade é marcada por uma extrema competitividade geopolítica e geoeconómica, destinada a reescrever o papel que cada actor desempenhará no futuro, e que está consubstanciada nos novos conflitos híbridos.

Por um lado, a relação entre poder e legitimidade foi quebrada. Por outro, as crises económicas e sanitárias, entre outros aspetos, e a perda generalizada de liberdade resultante de decisões vitais face a acontecimentos disruptivos, potenciou o crescimento do poder das autocracias.

Como destaca a revista The Economist, a democracia retrocedeu em 70% dos países a nível mundial em 2020, uma deterioração 45% superior face ao último ano.

O poder é difuso e descentralizado, partilhado entre atores estatais e não estatais (lobbies, grandes empresas tecnológicas).

Um certo grau de desglobalização física, baseado no desejo de autoprotecção, está associado à ameaça de fragmentação do mundo em blocos.

Polarização social: desconfiança e fragmentação

A enorme volatilidade e incerteza do mundo atual compromete a coesão social e faz com que seja difícil haver consensos, contribuindo para uma fragmentação social significativa.

Por exemplo, houve um aumento de 244% no número de motins a nível global e manifestações antigovernamentais entre 2011 e 2019 (Índice Global da Paz, 2021).

Além disso, a fadiga motivada pela pandemia expôs uma série de causas estruturais e conjunturais que acentuam as motivações tradicionais para o sentimento de protesto, aumentando a perceção do choque sistémico.

A este respeito, o Fundo Monetário Internacional já alertou para o aumento da agitação social resultante dos impactos económicos e sociais da pandemia e do recente conflito na Ucrânia.

Economia de stakeholders: redefinindo o modelo económico

A crise financeira de 2008 e os impactos económicos da COVID-19 contribuíram para a procura de novos modelos económicos, mais inclusivos de todos os intervenientes na economia, incluindo a sociedade.

A mudança é tal que as empresas geridas com critérios ESG (ambientais, sociais e de governação) estão a mostrar um melhor desempenho na bolsa de valores.

Contudo, acontecimentos recentes na cena internacional, como a crise da Ucrânia, acentuam os problemas da cadeia de abastecimento global e da inflação, comprometendo os níveis esperados de recuperação, abrandando as expectativas de crescimento e dando origem a outro tipo de ameaças, nomeadamente a insegurança alimentar.

Capacitação individual e mudança de valores: eu vs. o mundo

As Nações Unidas definem o empowerment individual como “um processo que permite às pessoas terem maior controlo sobre as suas vidas e sobre os fatores e decisões que as moldam”.

Para progredir, uma sociedade necessita de indivíduos altamente capacitados, um objetivo que tem sido ajudado não só pela globalização, mas também pelo maior acesso ao conhecimento e novas tecnologias, que geraram importantes mudanças nos hábitos de vida.

Por esse motivo, está a emergir uma nova onda de consciência social, potenciando a resiliência comunitária e a solidariedade social, de modo a contrapor o desespero, a fadiga pandémica e a vulnerabilidade às crises sanitárias, económicas e ambientais.

Convergência tecnológica: desenvolvimento global exponencial

A tecnologia contribuirá rapidamente para redefinir setores e melhorar serviços e produtos, bem como as capacidades humanas, tornando possível o até agora impossível.

Por exemplo, se com 3G eram precisos 45 minutos para descarregar um filme em HD, com 4G bastam 21 segundos e com 5G leva menos tempo do que a ler esta frase (Diamandis e Kotler, 2021).

Mas precisamente o seu potencial disruptivo e de convergência pressupõe uma amplificação das superfícies de ataque, devido ao aumento da velocidade das ligações, ao incremento do tratamento de dados ou à menor latência de resposta, entre outros factores, o que está a moldar a cibercriminalidade nos dispositivos móveis, a Internet of Things e a nuvem como um dos principais vetores de ataque agora e nos próximos anos.

Além disso, estamos a assistir a uma incipiente guerra fria tecnológica com a crise dos microchips e dos semicondutores: as rivalidades políticas entre potências mundiais continuam a causar atrasos nas entregas e a motivar o aumento dos preços tanto para os fabricantes como para os consumidores.

Saúde e bem-estar: novas formas de vida

A pandemia levou a um alargamento do conceito de saúde tradicional para saúde holística, que inclui a saúde mental, nutricional e social.

Além disso, segundo os especialistas, “70% dos recentes surtos epidémicos têm a sua origem na desflorestação e, portanto, o risco de novas pandemias é apenas uma questão de tempo”.

Por esta razão, a proteção do ecossistema é uma questão de saúde pública, e ignorar a sua conservação levará à criação e crescimento de criminalidade organizada que lucra com isso, através do tráfico de animais selvagens, produtos da área da saúde, por exemplo.

Ambiente e sustentabilidade: o ecossistema como prioridade

A crise sanitária deixou clara a fragilidade e dependência do ser humano em relação ao ecossistema em que vive, e não apenas devido à pandemia: as catástrofes naturais custam aos países de baixo e médio rendimento cerca de 17 mil milhões de euros por ano só em prejuízos para as infraestruturas de transportes e energia (Banco Mundial, 2021).

Os consumidores escolhem empresas ambiental e socialmente conscientes, e 70% têm isto em conta na hora de escolherem uma marca. É uma questão ligada à procura de um equilíbrio entre crescimento económico, consciência ambiental e bem-estar social, que se materializa atualmente na procura por parte da maioria da população de que as empresas respeitem os critérios mínimos do ESG.

Este é o derradeiro apelo à sustentabilidade numa década que parece ser decisiva.

A tendência para alterações climáticas extremas e catástrofes naturais, como incêndios florestais, secas e inundações, representará um sério risco para as empresas e cidadãos em geral nos próximos anos.

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