“O Brasil teve um aumento muito grande do eco-sistema de inovação”

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A APEX Brasil trouxe 70 startups à última edição da Websummit, que decorreu na passada semana em Lisboa. Presente no evento deste 2018, a representação brasileira este ano aumentou consideravelmente.

“O Brasil teve um aumento muito grande do eco-sistema de inovação nos últimos anos, sendo que o número de startups aumentou muito, bem como o número de fundos de investimento, hubs de inovação, aceleradoras e incubadoras”, salienta Clarissa Furtado, gerente de competitividade da APEX Brasil (na foto), em entrevista à Security Magazine.

Nesse sentido, “houve um salto muito grande nos últimos 10 anos, tendo aumentado o interesse dessas startups na internacionalização”. Portugal tem sido um destino procurado, não só por ser “uma porta de entrada para a Europa”, como pela facilidade da língua e cultura.

Este ano a APEX decidiu abrir inscrições para 150 startups, tendo seleccionado 70, do universo de segmentos de actividade diferentes, nomeadamente da segurança. Estas são startups já com algum grau de maturidade e com soluções que se encontram a ser comercializadas. A presença destas startups na Websummit é financiada pela APEX, além disso, esta entidade tem um papel de capacitar e treinar estes profissionais, nomeadamente em questões legais e sobre o potencial do mercado, organizando encontros com investidores e possíveis clientes e parceiros. O objectivo final? “Gerar negócios”.

No final da edição deste ano da Websummit, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se aos brasileiros e apelou para que voltem a Lisboa. “Prometam-se que voltam a Lisboa e trazem toda a América Latina convosco”. Recorde-se que a edição em Lisboa está garantida até 2028, porém em Maio de 2023 estreia um novo evento no Rio de Janeiro, Brasil.

A Security Magazine foi conhecer o caso de duas startups brasileiras que este ano estiveram presentes na Websummit.

Daya: Inteligência Artificial quer ajudar a prevenir burnout em mulheres

“Olá Maria, chegou a hora de cuidar de si” este pode ser um dos lembretes que a plataforma da Daya pode enviar de forma automatizada para as colaboradoras de uma empresa. A Daya é uma startup brasileira que fornece uma “solução de serviços que visa a prevenção de burnout em mulheres”. Para tal, é utilizada Inteligência Artificial, bem como técnicas terapêuticas, com vista a ajudar a guiar a mulher a cuidar de si mesma.

À Security Magazine, Samira Nogueira, CEO & founder da Daya diz que a empresa fez muita pesquisa e mapeamento de personas porque “o contexto social, psicológico e biológico da mulher influencia para que tenha mais 25% de burnout que o homem”. “A mulher está no mercado de trabalho e as empresas precisam de olhar para essa realidade com mais atenção, cuidado e investir num produto que faça diferença”, diz.

A plataforma online funciona por assinatura, baseada no número de colaboradoras da empresa contratante. O sistema conta com psicólogos para atendimento humanizado e uma assistente virtual, baseado em IA, e ajuda na orientação da colaboradora que não sabe cuidar de si e no seu auto-cuidado. “Temos alguns programas pré-feitos com técnicas terapêuticas comprovadas e um acompanhamento com um psicólogo através de um atendimento mais humanizado”, explica. A Daya trabalha essencialmente na prevenção da pessoa antes de esta chegar na fase de já ter uma doença.

O sistema já está disponível em português, podendo ser testado. O aplicativo será lançado até Março de 2023.

A startup marcou presença na última Websummit e, para a responsável da Daya, esta presença permitiu “um maior reconhecimento da marca, fazer parcerias, networking e conhecer outras soluções no mercado que possam ter um feat com o que a Daya oferece”.

Dshbird: Inteligência Artificial ajuda na mitigação de acidentes em indústrias exigentes

A Dshbird é uma empresa de Inteligência Artificial com foco na mitigação de acidentes e que marcou presença na Websummit deste ano.

A ferramenta analisa semanalmente os dados de segurança e saúde ocupacional das empresas da indústria e produz na semana seguinte um dashboard onde é possível verificar onde poderá acontecer determinado acidente e a razão da sua ocorrência. Falamos de acidentes simples, que levam o colaborador a um posto médico, até um acidente fatal, que vai impactar negativamente a operação e levar à perda irreparável de uma vida. “A nossa intenção é evitar que o acidente aconteça e a empresa possa salvar vidas”, avança à Security Magazine Ricardo Motta, CEO e founder da Dshbird.

A Dshbird nasceu na Vale, empresa mineira brasileira, e a solução destina-se hoje a múltiplas indústrias de dimensão variável. “Se existem pessoas em risco num processo e se a empresa armazena informações de como essas pessoas executam esse processo, nós podemos ajudar”, diz o responsável.

A empresa trabalha com dados e necessita deles para criar respostas e actuar preventivamente. Porém, há ainda muitas empresas, nomeadamente na área da construção civil, que ainda recolhem dados de forma manual ou através de uma folha de excel. Ricardo Motta afirma que isso não é um problema. “Isso não inviabiliza que o nosso modelo funcione, desde que os dados estejam em algum lugar, conseguimos extrair todas essas informações”.

A tecnologia pode ser usada ao serviço de uma área onde os processos ainda estão muito manuais. “A tendência é que a transformação digital também chegue aqui e tudo aponta para que se consiga salvar cada vez mais vidas no ambiente corporativo de operações industriais”.

Ao chegar a uma nova empresa a Dshbird faz um data assessment para entender a maturidade de dados da empresa. “Por norma, as empresas são obrigadas a armazenar uma série de dados relacionados com as operações de segurança e saúde ocupacional”, recorrendo por exemplo ao SAP incident management ou módulos de people soft. Após entender a maturidade desses dados, “colocamos o nosso produto em processamento para perceber se o nosso modelo de dados de análise preditiva, a IA, funciona com esses dados”. Se tudo correr dentro do esperado, é implementado e escalado em toda a empresa.

O modelo utilizado pela Dshbird é customizável para cada nível e caracterização de risco. No total, o sistema permite monitorizar mais de 2000 variáveis e informar sobre a tomada de decisão quando surge um alerta. “Temos mais de 50.000 vidas cobertas com esta solução”, avança Ricardo Motta.

A empresa estará em Portugal a partir do ano 2023. “A nossa intenção é estar em Portugal no começo do ano que vem, apesar de sabermos que não existem aqui muitas indústrias pesadas, mas queremos também ter Portugal como parceiro para nos alavancar para outros países da Europa”.

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