Investigadores estudam acidentes com explosivos ocorridos em Portugal

Ensino Notícias

Identificar as causas e consequências dos acidentes com engenhos explosivos registados nos últimos 20 anos em Portugal é o objectivo do estudo que uma equipa da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) está a realizar, por solicitação da Polícia de Segurança Pública (PSP), no âmbito do projeto “Mais segurança, menos acidentes”.

Para a realização do estudo, sob coordenação científica do professor José Carlos Góis, a equipa recorre à informação disponível no arquivo do Departamento de Armas e Explosivos (DAE) da PSP.

“Estamos a tratar e analisar essa informação, de forma confidencial, para determinar, por exemplo, o número mensal e anual de acidentes, feridos (ligeiros e graves) e mortos; o lugar, freguesia e concelho onde ocorreram os acidentes; a causa provável, o tipo e dimensãodos danos; as entidades envolvidas no socorro, prestação de cuidados médicos e análise do acidente. Em suma, estamos a estudar um conjunto de dados que nos permitam extrair conclusões úteis para o futuro”, explica o coordenador científico.

Os investigadores vão ainda recolher e analisar notícias divulgadas em órgãos de comunicação social e procurar obter informações junto de corporações de bombeiros e da Autoridade para as Condições de Trabalho que possibilitem interpretar melhor esse tipo de acidentes.

Deste estudo, que ficará concluído até ao final do ano em curso, resultará a apresentação de «um conjunto de medidas de prevenção a adoptar em situações de fabrico ou de emprego de produtos explosivos ou artigos pirotécnicos, bem como um modelo único deregisto deste tipo de acidentes assente numa plataforma online, por forma a uniformizar os procedimentos das diversas entidades intervenientes no processo», refere José Carlos Góis.

Nesse sentido, o relatório produzido pela equipa da FCTUC será amplamente discutido com um grupo alargado de profissionais que actuam neste tipo de acidentes, nomeadamente bombeiros, PSP, GNR e INEM, entre outros.

As conclusões do estudo serão também uma contribuição para a reformulação do regime jurídico dos Produtos Explosivos e SubstânciasnPerigosas, que está em curso, que visa reunir a legislação que “actualmente se encontra dispersa por vários diplomas”, conclui o especialista da FCTUC.

Actualmente, em Portugal existem três fábricas que produzem explosivos para aplicação em pedreiras e em obras, e 40 empresas (oficinas) de pirotecnia, na sua maioria de dimensão familiar.