Da teoria à prática. Femédica realiza formação TAS

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15h00. Acidente com duas viaturas ligeiras e um motociclo.  Condutor do motociclo encarcerado no vidro do veículo, conduzido por uma grávida. Este foi o cenário escolhido pela academia de formação da Femédica para a realização de um dos exercícios do módulo de Emergências e Trauma, que integra o curso de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS). A Security Magazine acompanhou o momento e falou com os formadores Luís Duarte e Ricardo Fernandes.

As instalações dos Bombeiros de Barcarena foram o palco escolhido para a montagem do teatro de operações deste que foi o 168º curso de TAS da Femédica. Três veículos, duas vítimas. Uma placa sinaliza o local do “acidente”. A emergência é chamada. Acorrem ao local duas equipas, chefiadas por dois líderes, que fazem a abordagem às vítimas e recolhem os dados necessários para iniciarem o procedimento de desencarceramento.

De perto, a equipa da Femédica assiste à intervenção, analisando o que se passa no terreno e dá, simultaneamente, algumas indicações às equipas. Todos os procedimentos dos formandos estão sob avaliação e todos os deslizes contam, neste que é o culminar de uma formação de 175 horas. No final da operação, os formandos recebem o feedback da sua actuação, são identificadas falhas e os motivos das mesmas e os necessários procedimentos. Num cenário real não há espaço para falhas e, por isso, a formação reveste-se de uma extrema importância nesta actividade.

“Tivemos aqui uma abordagem de trauma, onde os formandos são sujeitos a situações teóricas e práticas de trauma e técnicas de extracção e imobilização de vítimas”, explica Ricardo Fernandes, formador e colaborador na área de eventos. Como acrescenta, “ao longo destes três dias de exterior, este é o culminar do curso, em que é realizada uma abordagem a uma vítima poli-traumatizada, é feita a avaliação através da metodologia de exame da vítima, culminando com a definição de uma técnica de trauma para extrair a vítima”.

Em causa estão vidas humanas e, por isso, desengane-se quem considera que o aproveitamento é garantido. “Nem toda a gente passa com nota positiva no curso”, aponta Luís Duarte , colaborador e coordenador de eventos. “Tem de existir rigor e empenho de todos os formandos,  até porque existe uma imposição do próprio INEM, que define as notas mínimas de cada curso. Há formandos que não conseguem atingir essa nota positiva e, por vezes, têm de repetir um módulo caso não atinjam a  nota necessária para aproveitamento”.

Ao longo de 175 horas, os formandos estão sujeitos a formação teórica e prática de abordagem e reanimação, parto, pediatria e normas, emergências médicas e emergências de trauma. O curso conta ainda com o módulo de 35 horas de integração no SIEM, totalizando as 210 horas.  A formação é uma das bases obrigatórias para entrar na Emergência Médica Pré-Hospitalar, nomeadamente no que diz respeito às funções de tripulante de ambulância de socorro em entidades como o INEM, Cruz Vermelha e Bombeiros.

Esta formação conta, segundo a Femédica, com “um elevado grau de exigência e extensa componente prática, com estágio final de integração em ambulâncias de emergência e central CODU do INEM”.  A empresa é uma entidade acreditada pelo INEM e, desde 1997, dedica-se a actividades como apoio médico a espaços e/ou eventos, gestão de programas de desfibrilhação automática externa, entre outros.

“A Fémedica é uma academia de formação e emergência médica e parte do pressuposto de formar profissionais no âmbito da emergência pré-hospitalar, segurança contra incêndios e edifícios e tem ainda a parte operacional no âmbito da prevenção a eventos”, aponta Ricardo Fernandes.

Com cerca de 50 a 60 formadores, a empresa actua em todo o país e ilhas. A formação é assegurada através de uma bolsa de formadores, muitos dos quais ex-formandos, “que vão acumulando algum background e reúnem requisitos para colaborar com a Femédica”. Um desses casos é o de Luís Duarte que hoje coordena a área de eventos, a qual conta com 350 colaboradores. “Era bombeiro voluntário há 20 anos, quis evoluir. Por experiência inscrevi-me no TAS e optei por seguir em frente”, recorda.

Em grandes eventos como os da Federação Portuguesa de Futebol e AIP, ou mesmo o WebSummit, que reúnem centenas de pessoas num único local, é possível encontrar elementos da Femédica. A empresa conta com um conceito “indoor e outdoor, que idealizamos consoante o evento e onde actuamos na parte da emergência médica”, disponibilizando posto médico avançado, desfibrilhação automática externa, controlo sanitário, geo-referenciação de equipas, apoio logístico, monitorização online permanente e mobilidade adaptada a cada evento. Algo essencial até porque, segundo aponta, “99,2% das ocorrências são resolvidas com eficiência no local, sem necessidade de recorrer a uma unidade de saúde”.

Ricardo Fernandes explica que hoje a empresa “é uma entidade completa, fazendo o acompanhamento, desde a formação, até à aplicabilidade dos recursos humanos formandos pela academia da Femédica”.

 Além do cenário criado e dos próprios efeitos especiais e figurantes, que garantem o maior realismo possível, a Femédica conta com o apoio de outras entidades, nomeadamente os bombeiros. “Estas parcerias são imprescindíveis”, diz Luís Duarte, acrescentando que “face à realidade do país, a responsabilidade de desencarceramento e salvamento nos acidentes de viação corresponde aos bombeiros”. Como complementa Ricardo Fernandes, “não faria sentido fazer estas formações sem contar com os próprios e, nesse sentido, celebramos protocolos, permitindo aos formandos trabalhar com equipas reais”.

A competência de TAS, por exemplo, necessita de ser renovada a cada cinco anos, algo que também é assegurado pela empresa. As formações destinam-se a civis e profissionais, nomeadamente bombeiros, Cruz Vermelha, escuteiros ou entidades privadas de transporte de doentes.

Esta renovação é aplicada também aos formadores. “Estamos em formação contínua, tanto na vertente do planeamento da Femédica para colaboradores internos como ao nível da obrigação de renovação da competência TAS”, explicam. Já ao nível dos novos equipamentos e procedimentos, Luís Duarte explica que “ao nível de técnicas e actualização de procedimentos acompanhamos essa evolução e colocamo-los em prática”. Porém, acrescenta que, “no mercado não existe, na vertente pré-hospitalar grande evolução em termos de equipamentos, ou seja, na sua essência mantém-se a funcionalidade, mas obriga-nos a ter uma mente aberta e disposta a actualizarmo-nos relativamente aos equipamentos para que tudo seja realizado o mais naturalmente possível”.

Com uma actividade fortemente ligada ao contacto humano, a Femédica adaptou-se à nova realidade, trazida pela Covid-19. Além de uma nova formação a esse nível, a empresa assegura que cumpre os requisitos da DGS. “Toda a formação é dada com necessidade efectiva para cumprimento das orientações da DGS relativamente ao distanciamento social, higienização e medição da temperatura na entrada das instalações”, além disso, “a Femédica cumpre, desde a primeira hora, as indicações do INEM e da DGS em matéria de abordagem às vítimas”.

A Femédica conta com a certificação da DGERT, INEM, IPDJ, ITLS, Protecção Civil dos Açores e Madeira. Quanto a novas formações, a próxima de TAS decorre já no mês de Setembro.