Inicio uma série de artigos dedicados a uma “pandemia silenciosa” que varre sobretudo a juventude do mundo inteiro. Trata-se de um tema a que sempre dediquei a minha atenção e trabalho, em particular nos últimos anos. Estou a falar de sinistralidade rodoviária, uma “doença” moderna, pouco falada.
Quantos de nós temos amigos, familiares, colegas, que viram a sua vida interrompida ou perturbada num momento inesperado.
Segundo a OMS (relatório 2020) todos os anos morrem aproximadamente 1,35 milhões de pessoas em todo o mundo. E há ainda entre 20 a 50 milhões de pessoas com ferimentos não fatais, muitos deles com lesões para o resto da vida. Mais de metade destas mortes e lesões envolvem utentes vulneráveis (peões, ciclistas, motociclistas e seus passageiros)
Os jovens são particularmente atingidos por esta pandemia, os acidentes rodoviários são a principal causa de morte de crianças e jovens de 5 a 29 anos.
Os países menos desenvolvidos ou em desenvolvimento são os mais atingidos.
O mais importante é o sofrimento humano resultante destes acidentes e o custo é enorme. Além dos custos diretos, hospitalares, há uma perda de produtividade das vítimas mortais e dos feridos. Famílias privadas de parte significativa dos seus rendimentos, países que ficam sem muitos jovens na atividade económica. De forma mais global, as lesões causadas em acidentes rodoviários têm um sério impacto nas economias nacionais, chegando a atingir um custo de 3% de seu produto interno bruto anual.
A cada 23 segundos morre uma pessoa no mundo…
Podemos ver no site da OMS estes números impressionantes:
https://extranet.who.int/roadsafety/death-on-the-roads/
E todos os setores são afetados: os jovens, os trabalhadores, as pessoas menos novas, as cidades, os países…
Todos podemos contribuir para a redução da sinistralidade: as escolas podem formar os seus alunos e garantir a segurança dos acessos, as empresas podem ter veículos seguros e desenvolver uma cultura de segurança, as cidades podem trabalhar a segurança rodoviária das ruas e garantir condições seguras aos seus habitantes. É uma responsabilidade de todos!
Existem medidas comprovadas para reduzir o risco de lesões e mortes causadas pelo trânsito. Muito trabalho tem vindo a ser realizado pela sociedade, a ONU tem vindo a dinamizar as Décadas da Segurança Rodoviária, e a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável estabeleceu metas ambiciosas para a redução das lesões causadas pelo trânsito, nomeadamente a redução para metade do número de mortos e feridos até 2030.
A Segunda Década de Ação para a Segurança Rodoviária 2021-2030 oferece uma oportunidade para aproveitar os sucessos e lições de anos anteriores e prosseguir o caminho de salvar vidas nas estradas do mundo e facilitar o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Mais informação em:
Nos próximos artigos irei partilhar as ações previstas e o que penso que se pode e deve fazer em vários casos.
Por José Fernando Guilherme, Segurança Rodoviária e Eficiência Energética, CTT Correios de Portugal
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