O grupo Pestana criou em 2014 uma empresa própria dedicada à segurança privada – a Pestana Segurança – o que a torna num caso singular no mercado nacional. Marcelo Monteiro assumiu, em Maio de 2019, funções de director de segurança no Pestana Hotel Group e a responsabilidade pela gestão operacional da Pestana Segurança. Em entrevista à Security Magazine, o responsável aponta que “em consequência da pandemia houve novos investimentos em melhorias, nomeadamente na aquisição de equipamentos de segurança electrónica e/ou actualização dos já existentes”, além disso adianta que a empresa pretende criar uma central de segurança, a qual “irá fornecer melhores serviços às operações”.
Security Magazine – Enquanto director de segurança do grupo Pestana, quais são as suas principais responsabilidades e funções?
Marcelo Monteiro – As minhas principais responsabilidades são o planeamento, controlo, coordenação e execução dos serviços de segurança privada no Pestana Hotel Group, gerir recursos relacionados com a segurança privada, organizar, dirigir e inspeccionar o pessoal de segurança, bem como promover a formação e actualização profissional destas equipas. Assegurar o contacto com as forças e serviços de segurança, zelar pelo cumprimento das normas aplicadas ao exercício da actividade de segurança privada, realizar análise de riscos, auditorias, inspecções e planos de segurança nas unidades do grupo, bem como assessorar a administração do grupo.
Como é que a segurança surgiu na sua vida e o que significa para si estar à frente da segurança de um grupo com esta dimensão e dinâmica?
Esta actividade surgiu por gosto, que se manifestou desde muito cedo. Iniciei em 1996, na Bélgica, com funções na Comunidade Europeia. Em 2005 regressei a Portugal, após 15 anos de emigração, e ingressei na empresa Securitas S.A, na qual desempenhei várias funções, como supervisor, gestor de filial e, por fim, entre 2009 e 2019, a função de director de segurança. Simultaneamente, exerci a função de director de segurança na CBRE e de gestor de centros comercias entre 2014 e 2016.
Em Maio de 2019, recebi um convite para o novo desafio de desempenhar as funções de director de segurança no Pestana Hotel Group e assumir a responsabilidade pela gestão operacional da Pestana Segurança, a empresa do grupo que lhe presta serviços de segurança privada exclusiva
É um enorme orgulho e uma grande responsabilidade poder representar e trabalhar neste grupo, cuja dimensão e dinâmica são do conhecimento público.
Em termos organizacionais, onde surge o departamento de segurança dentro do grupo Pestana e como se caracteriza em termos de dimensão e responsabilidades?
O grupo constituiu a empresa Pestana Segurança, responsável pelo exercício da actividade de segurança, com reporte directo à administração.
A dimensão e responsabilidades são elevadas, mas contamos com a colaboração das direcções, trabalhando sempre em equipa, com o objectivo comum de zelar pelo bem-estar geral e pelos activos do grupo.
Em Portugal, a Pestana Segurança é composta por cerca de 50 elementos e conta ainda com alguns serviços prestados por empresas do sector da segurança privada. Nas restantes geografias contratamos serviços de segurança privada externa.
Qual a importância que o grupo Pestana concede à segurança das suas instalações, clientes e colaboradores?
A máxima importância, pois o sucesso do nosso negócio também assenta na segurança e bem-estar dos nossos clientes. Faz parte da nossa promessa, entregar aos clientes Pestana todo o conforto, segurança e bem-estar na utilização dos nossos hotéis.
A segurança dos nossos colaboradores também é fundamental. A sua segurança e motivação permitem uma realização das suas tarefas com os altos padrões de qualidade que o grupo garante.
A segurança dos hotéis é fundamental para toda a actividade que nelas se realiza, daí a importância que o grupo Pestana lhe concede.
Quais são os principais desafios diários que a própria dinâmica de uma unidade hoteleira coloca à gestão da segurança?
Os principais desafios diários são o atendimento e recepção dos nossos clientes em segurança, controlo e monitorização de toda a operação com os nossos fornecedores, verificação de todos os sistemas de segurança para que estejam em pleno funcionamento, evitar constrangimentos internos e externos que possam surgir e que afectem os nossos clientes e colaboradores.
Estarmos aptos para intervir sempre que necessário para evitar acidentes ou incidentes com os clientes ou colaboradores, e dar toda a assistência necessária à operação dentro das nossas atribuições
As pessoas são um dos elementos essenciais na garantia de uma cultura de segurança. Como diretor de segurança, que estratégias utiliza no sentido de levar esta cultura junto dos colaboradores do grupo?
Como director de segurança tenho utilizado uma estratégia simples, mas fundamental: na segurança não pode haver “chefes”, mas sim níveis de responsabilidades diferentes e cada um de nós precisa do outro. Sozinho ninguém poderá ter sucesso, nem ser eficiente na realização das suas tarefas.
Assim, digo que todos juntos somos um só, e que a equipa de segurança não são só seus os elementos, mas também todos os colaboradores do grupo, bem como os próprios utilizadores dos hotéis (fornecedores, clientes, etc.). A segurança é um bem fundamental para todos.
Como avalia a importância da colaboração entre a direcção de segurança do grupo com as forças de segurança? Considera esse factor importante para a garantia e manutenção da segurança dentro do grupo?
A nossa colaboração com as autoridades tem sido desde sempre a melhor em todos os sentidos. Esta colaboração com as forças de segurança e outras autoridades, também é importante para o bom funcionamento das nossas operações, quer dos nossos activos, quer dos nossos clientes, em particular para os que têm maior exposição mediática.
Pelo seu lado, as autoridades também necessitam da nossa colaboração para o bom desenrolar das suas operações de segurança.
O grupo Pestana conta com uma empresa própria dedicada à segurança privada desde 2014. O que levou o grupo a apostar nesta empresa e que mais valias traz essa aposta para o grupo? Considera que esse deverá ser o caminho por parte das grandes empresas?
O grupo Pestana detinha uma licença de auto-protecção, mas, no sentido de se enquadrar na legislação em vigor e incluir as diversas empresas do grupo, foi necessário obter o Alvará A.
Com o desenrolar das operações e pela gestão das mesmas foi necessário obter o Alvará C que permite que a Pestana Segurança esteja completamente apta ao exercício da actividade dentro do grupo.
Com isto, o principal objectivo do grupo é oferecer um nível elevado na prestação de serviços de segurança e implementar medidas que permitam optimizar os custos com os mesmos, sem que isso prejudique ou diminua a qualidade actual do serviço de segurança.
Na minha opinião, e tendo em conta que se trata de investimentos onerosos, cada empresa deverá avaliar os custos e o investimento na segurança, pois nem todas têm as mesmas necessidades.
A pandemia Covid-19 tem tido impactos significativos em toda a actividade económica, existindo alguns sectores a serem fortemente afectados, nomeadamente o hoteleiro. Observando estes últimos 12 meses, que impactos teve esta situação na segurança do grupo e que medidas e protocolos foram implementados no sentido de minimizar os seus impactos, quer nos colaboradores, quer nos próprios clientes?
Efectivamente temos sentido o impacto na nossa atividade, que é do conhecimento geral. Na hotelaria esse impacto veio exigir investimentos e adaptações também do ponto de vista da segurança. Por exemplo, a implementação de sistemas de detecção de intrusão e o aumento de outros meios electrónicos de segurança, com o objectivo de salvaguardar os nossos activos.
O Pestana Hotel Group rapidamente se adaptou a estas novas exigências para colmatar as vulnerabilidades criadas pela pandemia.
O grupo sempre teve e terá cuidado com a análise e implementação de medidas e meios para salvaguardar o bem-estar e segurança dos seus clientes, colaboradores e dos seus activos. Queremos com isso demonstrar e garantir aos nossos hóspedes e clientes que é seguro estar ou frequentar os nossos hotéis e serviços.
O grupo implementou ou prevê implementar novos projetos e/ou que tenham a segurança na sua génese? Há espaço para evoluir nessa área?
O Pestana Hotel Group tem vindo a fazer um investimento significativo e continuado na área da segurança ao longo dos anos. Em consequência da pandemia houve novos investimentos em melhorias, nomeadamente na aquisição de equipamentos de segurança electrónica e/ou actualização dos já existentes, para fazer face às necessidades actuais e futuras.
Haverá sempre espaço para evoluir dado que a realidade de segurança hoje é esta, mas no futuro será certamente diferente.
Por onde passa a evolução do departamento de segurança do grupo Pestana?
O departamento de segurança está em constante evolução até porque na segurança não existem paragens e, nesse sentido, continuará a evoluir e ajustar-se às necessidades. Pretendemos criar uma central de segurança que irá fornecer melhores serviços às operações, sempre com o objectivo claro de melhoria na capacidade de resposta às suas atribuições e optimização de custos.
A central de segurança será dotada com os melhores equipamentos de segurança remota actuais e adequados à nossa realidade e sem ter de recorrer a serviços externos, permitindo assim uma melhor gestão de recursos e capacidade de resposta face às necessidades que possam surgir.
Com um percurso de quase cinco décadas de sucesso, o Pestana Hotel Group tem e gere 100 hotéis em Portugal e no estrangeiro, onde se dedica a proporcionar a 3,5 milhões de hóspedes por ano ‘The Time of Your Life’. Na hotelaria, o seu principal negócio, opera com quatro marcas: Pestana Hotels & Resorts, Pestana Collection Hotels, Pestana Pousadas de Portugal e Pestana CR7 Lifestyle Hotels. Presente em 16 países, tem mais de 12.000 quartos disponíveis na Europa, África e América, sendo o maior grupo hoteleiro multinacional de origem portuguesa. Com o objectivo de oferecer produtos completos e mais atractivos, o grupo opera ainda em outras áreas de negócio: hotelaria, imobiliário turístico, turismo vacacional, golfe, casinos e indústria.
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