Por José Fernando Guilherme, Segurança Rodoviária e Eficiência Energética, CTT Correios de Portugal
Abordei recentemente os custos da sinistralidade rodoviária em Portugal e com a atual escalada do custo do combustível, tive curiosidade de fazer uma pequena estimativa do valor da eficiência energética nos transportes em Portugal…
Os transportes são o principal consumidor de energia em Portugal (36,1% em 2019) e dois combustíveis (gasóleo e gasolinas) representam 93,4% do total.
De acordo com a DGEG em 2018 foram consumidos diariamente cerca de 3,5 milhões de litros de gasolina e 14 milhões de litros de gasóleo (corresponde a mais de 600 camiões cisterna).
Sabemos que podemos aumentar a eficiência energética com várias medidas…
A primeira medida depende de todos nós – ao praticar uma condução económica poupamos o bolso e reduzimos o impacto ambiental. De acordo com a International Energy Agency (IEA), esta medida pode reduzir o consumo de combustível até 12%.
Outra medida que depende de nós – uma manutenção adequada que assegura consumos baixos e uma correta pressão dos pneus, o que permite reduzir consumos até 20% de acordo com várias fontes.
Podemos reduzir a velocidade, em discussão em vários países. De acordo com a IEA uma redução de 10 km/h ajuda a poupar 11% do consumo.
O próprio planeamento do percurso pode ajudar a reduzir significativamente o consumo e o tempo de viagem e até o stress com vantagens para a saúde…
E quando falamos de grandes frotas, uma gestão eficiente de frota, desde a otimização dos recursos, a escolha de veiculos eficientes, condução eficiente, sistemas de informação consolidados e uso de telemetria estamos a falar de ganhos significativos (alem dos ganhos em segurança rodoviária) com redução do impacto ambiental.
E não abordo outras áreas com ganhos significativos (política de mobilidade urbana (pessoas e mercadorias) ou o teletrabalho).
Com a preocupação acrescida sobre a eletrificação das frotas, deixo uma pergunta …
Porque não se cuida da eficiência energética dos veículos convencionais que existem?
E sugiro duas análises muito interessantes:
– Avalie a eficiência energética da frota automóvel, não só a mais antiga, mas também a mais recente…
– Avalie o perfil de condução eficiente dos condutores…
Pode descobrir que há muito por fazer…
A consulta de muitos casos permite estimar um ganho médio de 15% (nos consumos) e outros ganhos já referidos anteriormente.
O que isto representaria em Portugal?
Redução no consumo de 2,6 milhões de litros por dia, com uma poupança superior a 5 milhões de euros, cerca de 1.900 milhões de euros ano (cerca de 1,0% PIB).
E se pensarmos segurança rodoviária e eficiência energética nos transportes o valor total é quase 8,3 mil milhões de euros e vidas que se salvam!
Junto uma amostra exemplo da repartição de desempenho de condutores numa frota, numa escala de 0 a 10, uma média de 5,5 e muitos abaixo dessa média…
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