“Segurança e prevenção estão em cada um de nós”

Notícias

O encerramento da campanha nacional “Locais de Trabalho Seguros e Saudáveis – 2020 – 2022: Aliviar a Carga” foi celebrado hoje, em Lisboa, numa conferência organizada pela Autoridade para as Condições do Trabalho, o ponto focal nacional da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho. A Security Magazine foi media partner desta campanha e marcou presença no seminário.

Durante a sessão de abertura, Nelson Ferreira, subinspector geral da ACT, destacou que as lesões musculosqueléticas são um problema extensamente estudado. Como apontou, esta é uma realidade a nível mundial que afecta 1,7 mil milhões de pessoas no mundo, segundo a OMS. “Temos de ter noção da real dimensão desta questão”, disse.

Além da expressão social do impacto deste problema, destacou o impacto na economia. “A nível europeu o valor estimado é de 230 mil milhões de euros anuais no custo financeiro relacionado com este tipo de lesões. Estamos a falar de uma realidade que afecta as pessoas e tem a sua repercussão na economia e na qualidade de vida de todos”.

“É preciso referir que cerca de 60% das razões de baixa ou doenças profissionais têm origem em lesões músculo-esqueléticas. Dentro de todos os riscos e doenças profissionais que ocorrem, estas ocupam um lugar muito relevante. Daí que seja importante este género de campanhas e estarmos atentos e conscientes” para esta problemática.

A ACT, ao longo de dois anos, realizou mais de 140 eventos, com milhares de participantes, promovendo e informando as empresas e trabalhadores para a necessidade de uma mudança da cultura e mentalidade. Mas mudar cultura e mentalidades “não é de um dia para o outro” e, “é necessário termos consciência que esta é uma batalha que temos de continuamente combater, e levar, junto dos empregadores e trabalhadores, os riscos, consequências e informação quantitativa para que haja consciência e mitigação do risco e redução das lesões músculo-esqueléticas”.

Muitas vezes o custo de encontrar uma solução para mitigar os riscos destas doenças é muito inferior ao custo que se verifica directamente pelas instituições que lidam com as mesmas. É urgente uma “tomada de consciência de que compensa prevenir”.  

ACT vai mudar abordagem

A ACT participa, em colaboração com a EU-OSHA, nesta campanha e noutros eventos, mas “temos clara consciência de que não é suficiente”, aponta Nélson Ferreira. “Temos de fazer mais e ir mais longe”.

Por isso, “a ACT terá de mudar o seu paradigma de comunicação, o seu modo de abordagem a estas questões, e ir mais além”.

Em 2023 a ACT vai mudar essa abordagem. “Queremos fazer algo ambicioso, chegar a cada trabalhador e empregador com a mensagem correcta para mitigar o risco”. Para tal, vai utilizar Inteligência Artificial, redes sociais, marketing personalizado, uma “miscelânea” de comunicações massivas e interconexão de dados com a Segurança Social de forma a conhecer todos os trabalhadores que começam a trabalhar, bem como com os registos notariais para conhecer as empresas criadas. O objectivo? “Alcançar a meta de chegarmos a cada trabalhar e explicar-lhe o risco do seu trabalho, no sector de actividades em que está inserido, bem como os acidentes e doenças mais frequentes, e de que forma os podem combater”.

Em 2023 “vamos querer ir a cada um dos trabalhadores” e incutir esta cultura e mentalidade de que “a segurança e prevenção estáão em cada um de nós”.

Um trabalho contínuo

No final do seminário, Paula Sousa, directora do DSPSST da ACT, salientou que as lesões muscolo-esquelecticas são um dos problemas mais comum na Europa e afectam milhões de trabalhadores europeus, a sua qualidade de vida, desempenho, motivação, produtividade, entre outros. “Tudo isto tem custos muito elevados para as empresas e para a nossa economia e Portugal não é excepção nesta matéria”.

Apesar de tudo, “as lesões podem ser evitadas através da adopção de medidas de prevenção”. A prevenção destas lesões “contribui para aumentar a qualidade de vida dos trabalhadores e consequentemente, (…) a sustentabilidade das empresas e postos de trabalho”.

A prevenção é “uma prioridade a nível europeu”. A melhoria continua das condições de trabalhão e a promoção de locais de trabalho seguros e saudáveis “deve envolver todos nós”, disse. Para a ACT, “é fundamental o empenho de todos” e a participação e envolvimento de empresas e trabalhadores, bem como dos serviços de saúde e segurança no trabalho. “Há ainda um longo caminho que temos de continuar a percorrer e deve ser feito em colaboração e parceria e de forma concertada com todos”. Por fim, destacou que a ACT está disponível para o desenvolvimento deste caminho e percurso de promoção de trabalho seguros e saudáveis.

Emília Telo, coordenadora do ponto focal da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, destacou a importância do envolvimento de todas as entidades no sentido da melhoria das condições de segurança e saúde no trabalho. Este “não é um encerramento da campanha. Temos ferramentas e vamos utilizá-las. Começaremos a falar de um novo tópico daqui a um ano, mas temos de dar continuidade aos projectos e planos de acção e estratégias que as empresas criaram”

Na próxima semana, a Security Magazine irá dar a conhecer os vários projectos de boas práticas envolvidos no prémio europeu e apresentados na sessão.

Se gosta desta notícia, subscreva gratuitamente a newsletter da Security Magazine.