85% das empresas em Portugal recorrem a apoio de serviços externos de SST

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O terceiro inquérito europeu às empresas sobre Riscos Novos e Emergentes (ESENER-3) está em curso, sendo que o trabalho no terreno abrange mais de 45 000 empresas de todas as classes de dimensão económica e sectores de actividade em 33 países europeus, incluindo Portugal.

Nas primeiras conclusões, recentemente lançadas, consultadas pela Security Magazine, é colocado o foco nas mudanças das condições sociais e económicas que têm afectado os locais de trabalho com pelo menos cinco pessoas. Esta constante evolução traz novos desafios que requerem uma acção para assegurar altos níveis de segurança e saúde no trabalho.

Neste contexto de mudança social, os principais factores de risco identificados na União Europeia são os movimentos repetitivos de mãos e braços  (65% contra os 52% de 2014) necessários para lidar com clientes, alunos e pacientes difíceis e movimentação e elevação de pessoas ou cargas pesadas.  Existe uma relação positiva por tamanho, pois as empresas maiores reportam a presença de todos os factores de risco mais frequentemente.  Por sectores, lidar com clientes, alunos e pacientes difíceis é mais frequentemente reportado no sector da prestação de serviços.  Os factores que levam a distúrbios músculo-esqueléticos são referenciados de forma uniforme em todos os sectores, com excepção de levantar e mover pessoas e levantar cargas pesadas cuja ocorrência é baixa em sectores de actividade financeira e seguros, informação e comunicação.

Os principais factores de risco reportados anteriormente estão presentes em todos os países, com excepção da pressão do tempo, que é o principal factor de risco na Finlândia, Suécia e Dinamarca e o segundo mais referenciado na Holanda.

Importa referir que o terceiro factor de risco mais referenciado nos países da UE é o tempo que os colaboradores passam sentados, sendo que estar sentado durante um tempo prolongado acarreta riscos para a saúde. Esta realidade verifica-se sobretudo no sector dos seguros, informação e comunicação e administração pública.

Apenas 5% das empresas contactadas indicam não identificar nenhum risco geral de SST. No entanto, quando se trata de factores de riscos psicossociais 24% das empresas não identificam nenhum factor. Em Itália, por exemplo, 50% das empresas participantes diz não identificar nenhum factor de risco psicossocial.

31% das empresas que têm funcionários a trabalhar em casa regularmente referem que contemplam esses trabalhadores nas avaliações de risco.

Os serviços de saúde e segurança recorrem sobretudo a médicos de saúde ocupacional, profissionais generalistas de saúde e segurança e especialistas em prevenção de acidentes. A utilização de psicólogos é relatado apenas por 18% das empresas.

61% das empresas referem utilizar serviços de um fornecedor externo para apoiá-las nas tarefas de saúde e segurança no trabalho. Portugal e a Eslovénia são os países que mais recorrem a fornecedores externos, com 85% e 86% respectivamente. Recorrer a serviços externos parece estar associado ao tamanho da empresa, sendo uma prática mais frequente na indústria.

As empresas relatam estar satisfeitas com os serviços externos de segurança e saúde no trabalho, sendo que 87% das empresas considera-os “muito bons” ou “bons”.

Há empresas que não realizam avaliações regulares de risco. As principais razões apontadas são: os riscos e perigos já são conhecidos e não existem grandes problemas.  As empresas menores referem que esta avaliação é muito onerosa.

Resta saber se essas empresas, principalmente as menores, têm menos problemas ou se simplesmente desconhecem os riscos existentes nos locais de trabalho.

Quando observamos as empresas que gerem e avaliam os seus riscos, surgem como motivos os requisitos legais, sendo a obrigação relatada como uma das principais razões para a realização desta gestão.  Além desse factor, surge a manutenção e aumento de produtividade, melhoria e manutenção da reputação da empresa, atender às expectativas dos colaboradores e representantes e evitar multas das autoridades de inspecção do trabalho.


O Inquérito Europeu às Empresas sobre Riscos Novos e Emergentes da EU-OSHA (ESENER) é um inquérito abrangente, que analisa a forma como os riscos de segurança e saúde são geridos na prática nos locais de trabalho europeus. Milhares de empresas e organizações de toda a Europa são convidadas a responder a um questionário com enfoque na segurança geral e riscos para a saúde no local de trabalho e na forma como são geridos, riscos psicossociais, nomeadamente stresse, intimidação e assédio, impulsionadores e obstáculos no âmbito da gestão da SST, participação dos trabalhadores em matéria de práticas de segurança e saúde.

Os resultados destas entrevistas são complementados por análises secundárias que envolvem uma série de estudos aprofundados concentrados em tópicos específicos. São aplicadas nestes estudos metodologias de pesquisa quantitativas e qualitativas para ajudar a compreender melhor as principais conclusões do inquérito.