Paulo Pina: “A tecnologia tem-se tornado um driver fundamental na segurança privada”

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Paulo Pina, director-geral da Prosegur Security,  aborda as principais preocupações ao nível da segurança privada em Portugal, bem como a evolução do mercado e as grandes tendências.

 

Security Magazine – Quais são as grandes preocupações das empresas em termos de segurança privada?

Paulo Pina – A nossa principal preocupação é a situação de concorrência, que se pode dizer, desleal na actividade de segurança privada em Portugal. Sendo uma actividade fortemente regulada por legislação nacional e balizada pelo contrato colectivo da segurança privada, alguns players do mercado têm feito “interpretações” destas normas que redundam sobretudo sob a forma de trabalho não declarado.



Escalas de trabalho que violam o número de colaboradores necessários para cumprir os limites de carga horária mensal definida por lei, remunerações pagas em dinheiro fora do recibo de vencimento e horas de trabalho extraordinárias não declaradas ou pagas sem os complementos legalmente previstos são apenas alguns exemplos de más práticas utilizadas por estas organizações. Estas práticas prejudicam: a longo prazo, os trabalhadores que não declaram todos os componentes salariais e serão prejudicados nas suas reformas futuras, o Estado, pela fuga fiscal (segurança social e iva) e as empresas que, como a Prosegur, cumprem os preceitos legais e que, por isso, se tornam menos competitivas comparativamente às outras entidades incumpridoras no mesmo mercado.

A situação das práticas desleais de concorrência, bem como a saída massiva de recursos humanos da actividade, atraídos por salários mais elevados noutros sectores, tem sido responsável por uma grave crise nesta actividade. Com o objectivo de ultrapassar este contexto penalizador para os vários actores da segurança – vigilantes, empresas, clientes -, foi assinado, no início de Dezembro, o contrato colectivo de trabalho entre a principal associação empresarial e os sindicatos, que se estenderá via portaria de extensão a todas as empresas e trabalhadores do sector e que prevê um aumento salarial de 20% nas remunerações entre 2019 e 2020. A Prosegur congratula-se por ter contribuído para a negociação e conclusão deste acordo, que se apresentava como obrigatório nesta fase para a sustentabilidade da actividade da segurança, apesar de estarmos conscientes do impacto económico do mesmo nos nossos Clientes.

Como considera que tem evoluído o mercado da segurança privada em Portugal e o que identifica como as grandes tendências nesta área? 




O mercado da segurança privada em Portugal, entenda-se vigilância e tecnologia de segurança, evoluiu favoravelmente nos últimos dois anos, quer por exigência dos clientes, quer por força das alterações da legislação de segurança privada. A generalidade das empresas tem hoje consciência que a segurança é um fator crítico para o seu negócio.

Tal como a generalidade das actividades, a tecnologia tem-se tornado um driver fundamental na segurança privada. A Internet of Things (IoT) e a cloud computing continuarão a proliferar no mundo do mobile everything. A emergência da inteligência artificial,o machine learning e a economia digital são realidades atuais e  tendências crescentes. Ao transformar o mundo, as pessoas, a economia e consequentemente as empresas, a tecnologia modifica também os riscos de segurança a que estamos todos expostos e como tal altera também, e inevitavelmente, as soluções de segurança que têm que ser desenvolvidas para fazer face aos novos desafios que se apresentam.

A cibersegurança passou a ser uma das principais preocupações das organizações, sendo essencial garantir a sua convergência com a segurança física – humana e tecnológica.

Na sua perspectiva, quais os principais desafios que a segurança privada, ao nível do segmento B2B, enfrenta actualmente?

Os desafios principais estão relacionados com a integração entre a vigilância e a tecnologia, que poderá ser cada vez mais optimizada, dedicada e específica para cada empresa.

A tecnologia é cada vez mais eficiente e detecta cada vez melhor e mais rapidamente os eventos que põem em causa a segurança e a estabilidade das organizações. Mas, na segurança, o factor humano é essencial para articular e capacitar a resposta às ameaças, pelo que haverá que encontrar um equilíbrio entre o contributo das pessoas e da tecnologia numa solução, desenvolvendo soluções de segurança 360º onde cada “actor” desempenha o papel em que é mais forte, optimizando a eficiência e a eficácia da solução, maximizando a mitigação dos riscos de segurança a que cada empresa está exposta




Ao nível da tecnologia, os sistemas de videovigilância continuarão a ter uma forte procura, potenciada pela maior resolução das imagens, pela analítica de vídeo e pelo deep-learning, pela facilidade na instalação e integração e flexibilidade e optimização da relação custo vs eficácia.

No que diz respeito aos sistemas de controlo de acessos, os desafios passarão pela progressiva utilização de credenciais de acesso móveis e novas tecnologias de biometria.

A hiperconectividade, motivada pelo custo decrescente das comunicações, permite às empresas transitarem de uma filosofia totalmente presencial de segurança (com a presença física permanente de vigilantes nas instalações das empresas) para soluções híbridas e mais flexíveis, totalmente adequadas aos ciclos de funcionamento das empresas, compostas por períodos de presença física de vigilantes e períodos de operação e segurança remota a partir de centros de controlo de segurança operados por vigilantes.

Uma outra questão emergente passará pela optimização da utilização dos vários sistemas e dispositivos de segurança para outros fins que contribuam para a gestão da atividade operacional e manutenção da continuidade de negócio das empresas. Os equipamentos de segurança podem servir também para compreender o comportamento dos clientes, entender quais as zonas de maior fluxo, proceder a contagens de pessoas ou gerir filas de espera, por exemplo.

Impregnar crescentemente de tecnologia as soluções de segurança, bem como integrá-las com outros sistemas de informação, rompe os silos onde tradicionalmente eram desenvolvidos e implementados os sistemas de segurança das empresas. Estas novas fronteiras dos sistemas de segurança, implicam obrigatoriamente que se considere a segurança digital dos próprios sistemas de segurança – a segurança da segurança – sob o risco paradoxal, caso não se considerarem, de os próprios sistema de segurança se transformarem em “armas” e ameaças à própria segurança.

Que soluções e grandes apostas actuais da Prosegur no mercado nacional?

A Prosegur já há muitos anos percebeu que a prevenção e segurança nas suas empresas clientes tem de ser abordada de uma forma integrada, não só porque os riscos e ameaças são cada vez mais diversificados, como também para evitar a incompatibilidade entre soluções de safety e security e os conflitos de operabilidade entre sistemas, bem como optimizar as soluções e custos. Assim nasceu a Prosegur Integra que tem como objetivo aumentar a capacidade de resiliência das organizações contra ameaças físicas e/ou digitais.

Cada solução Prosegur Integra é feita à medida, incluindo o diagnóstico de necessidades, quer de safety quer de security, o desenho de estratégias, o dimensionamento de sistemas de segurança eletrónica, a sua cibersegurança e o contingente humano, presencial e remoto, necessário e adequado à operação continua da solução de segurança.

Como correu o ano de 2018 e qual será o foco para o próximo ano? 




Apesar dos desafios que 2018 nos apresentou, com práticas desleais de concorrência e a forte saída de recursos para outros sectores de actividade, consolidamo-nos ainda mais como o líder em soluções integradas de segurança para empresas.

Um dos nossos focos para 2019 será a implementação das alterações legislativas que decorrerem da revisão da regulamentação de segurança privada, que se prevê que venha a acontecer no decurso no primeiro semestre de 2019.

Em termos de posicionamento no mercado, o nosso foco será continuar a disponibilizar aos nossos clientes soluções integradas de segurança. Para quê perder eficiência na articulação de vários fornecedores quando a Prosegur pode fornecer uma solução que integra todos os serviços de security e safety e que optimiza valências e custos?

 

A informação divulgada nesta entrevista integra a última edição da Security Magazine. Subscreva a nossa newsletter e receba a última edição digital no seu email.