Estudo: Guerra cibernética representa uma ameaça sem precedentes em 2020

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A proliferação de uma ampla variedade de ciberameaças fará com que os ataques cibernéticos de alto impacto sobre as infra-estruturas críticas sejam quase certos em 2020. Este é um dos principais prognósticos do RiskMap2020, publicação global de prognósticos de riscos políticos e de segurança para o próximo ano, publicada pela consultora Control Risks, consultado pela Security Magazine.

O próximo ano, os ciberataques irão tornar-se cada vez mais num mecanismo de retaliação padrão em conflitos estratégicos, nos quais as medidas militares tradicionais não são aceitáveis. Como resultado, em 2020, haverá um aumento do número e gravidade de ciberataques em todo o mundo, diz o estudo.  Num momento em que muitos países europeus estão muito bem posicionados em termos de cidades inteligentes e empresas conectadas, segundo o IESE, esse aumento da conectividade será um dos pontos principais na vulnerabilidade das empresas conectadas em todo o mundo em 2020.

“As empresas e a infra-esutrutra conectadas são agora a norma para a maioria das empresas europeias, mas desta conectividade depreende-se um ameaça considerável dada a natureza sistémica dos ciberataques. Nos últimos anos, vimos operações cibernéticas disruptivas de grande escala resultantes de conflitos estratégicos que afectaram de forma colateral empresas e infra-estruturas nacionais em todo o mundo. As empresas globais conectadas verão a sua resistência empreendedora totalmente testada contra os efeitos potenciais de um ataque cibernético sistémico em 2020”, diz Jake Stratton, director para a Europa da Control Risks.
A empresa identificou os seguintes riscos principais:
1. Geopolítica e campanha dos EUA
A campanha eleitoral norte-americana terá um impacto tangível na geopolítica de 2020, aponta a consultora. O drama da campanha, combinado com a interrupção do processo de destituição, ressoará através de acções globais dos EUA. A consultora pergunta: O Governo norte-americano terá de usar acrobacias diplomáticas para desviar a atenção do julgamento político? Um acordo com a China ajudaria ou prejudicaria o discurso do presidente Trump em relação aos trabalhadores pós-industriais? A Coreia do Norte, Irão ou estado Islâmico tentarão tirar proveito do ciclo eleitoral? Segundo aponta, a forma como os aliados e adversários se irão proteger das eleições mais ideológicas dos últimos 40 anos influenciará bastante o cenário de riscos geopolíticos para os negócios em 2020.
2. A sociedade activista dita sentença
Em todo o mundo, as pressões sociais e o activismos coordenado à volta de questões da protecção do meio ambiente, direitos humanos, desigualdade e privacidade exigem cada vez mais das empresas. A sociedade activista terá cada vez mais impacto nas reuniões de assembleia das empresas em 2020. O labirinto não codificado da responsabilidade social, moral e política consumirá qualquer empresa que não esteja preparada. Por outro lado, as empresas que actuem correctamente serão aceites. Ser ético não é suficiente, diz estudo.
3. A ciberguerra alcançará um novo nível
As ameaças ciber em 2020 estarão em destaque, com ataques cibernéticos de alto impacto contra infra-estruturas críticas a acontecer. As medidas de dissuasão Ocidental não conseguiram combater a corrente de ataques e os “atacantes” estão a usar métodos cada vez mais sofisticados. Os EUA irão retaliar para mostrar ao mundo a importância que atribuem a essa ameaça. Em cenários de conflito estratégico, medidas militares inaceitáveis darão lugar a ataques ciber. Começará um novo ciclo de intensificação: os rivais cibernéticos do Ocidente e os actores que actuam em seu nome aumentarão o nível de ataques, trazendo consequências imprevisíveis, aponta estudo. Se as empresas líderes atingiram um nível aceitável de resiliência cibernética, o mesmo não se verifica nas infra-estruturas nacionais em todo o mundo, sendo estas últimas a principal vulnerabilidade no conflito internacional.
4. A ansiedade económica cruza-se com a fragilidade política
Os prognósticos mais optimistas dizem que o crescimento económico mundial em 2020 será lamentavelmente baixo. Se o PIB mundial recua, não se pode esperar que um mundo fragmentado elabore uma reposta política coordenada, aponta o documento. A consultora questiona: Os protestos serão vistos em países actualmente polarizados por dificuldades económicas? E as economias que dependem da riqueza de recursos naturais ou as que ainda não se recuperaram totalmente desde 2008? Antes de uma recessão que países sobreviverão e quais os que se irão desmoronar? Teremos um caminho cheio de “ansiedade económica e fragilidade política”.
5. Líderes sem estratégias
Na liderança de alguns dos países mais importantes do mundo há um grupo de líderes que não pode ver mais além do que a próxima crise. Para estes, as medidas de curto prazo irão tornar-se prioridade na estratégia a longo prazo. 2020 será um ano em que os mecanismos para interromper a intensificação de incidentes estarão ausentes. É um mundo em que a resiliência a nível estadual é fraca e encontrar soluções a longo prazo leva muito tempo. Seja uma guerra comercial mundial, um ciberataque ou confrontos regionais nas fronteiras, o ritmo de eventos está nas mãos dos protagonistas “nervosos e ansiosos”. As empresas precisarão de uma estratégia para um mundo intensamente táctico.