POR QUE PERDOAR É TÃO IMPORTANTE?

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O convívio humano e a pacificação na sociedade seriam difíceis de haver se as pessoas não tivessem disposição para perdoar e ser perdoadas. Dessa forma, as crianças precisam ser ensinadas concernentes ao perdão, o qual é necessário tanto para pessoas quanto para instituições, pois, caso contrário, poderão ser suscitadas guerras e contendas.

Na família, apenas o perdão com mutualidade tem potencial de torná-la duradoura e alegre; nas entidades educacionais, o perdão entre professores e alunos se faz preciso para uma adequada compreensão da aprendizagem; na seara trabalhista, funcionários e empregadores devem saber perdoar-se (OLIVEIRA, 2003).

No contexto da psicologia, a definição do perdão é, basicamente, “uma decisão consciente de liberar sentimentos de ressentimento em relação a uma pessoa que o prejudicou, independentemente de ela merecer isso ou não.”

Para percebermos melhor o poder do perdão é preciso, antes de tudo, compreender que perdoar tem a ver com o facto de que o mundo não gira apenas ao seu redor. Sim, é aquele cujo ego foi ferido e que executará a ação de perdoar. Mas, além de pensar apenas em si mesmo, também precisa ter a visão sistêmica e se colocar no lugar da outra pessoa.

De acordo com Neto, Ferreira e Pinto (2006), perdoar pode ser encarado sob várias perspectivas, desde acontecimentos contextualizados entre indivíduos a uma peculiaridade de disposições que sobrepuja injustiças entre pessoas. Vem sendo concebida convencionalmente como uma construção teológica no cenário da maior parte das religiões do globo terrestre, constituindo um elemento necessário, tendo em vista aprimorar a saúde espiritual, de sorte que as culturas relacionam o perdão com a acepção religiosa ou transcendental.

O ato de perdoar é importante, pois livra-nos de maus sentimentos como o rancor, raiva e vingança. Quando esses tipos de sentimentos negativos dominam a pessoa, o pior dele manifesta-se, desencadeando danos físicos e psíquicos a si mesmo e aos que o cercam.

Estudos mostram que o perdão entre indivíduos pode ser encarado como uma conduta moral que colabora para a qualidade de vida do ofendido e do ofensor, sendo relevante para a permanência dos relacionamentos sociais e afetivos. A ação de recebimento do perdão constitui uma direção tendo em vista a diminuição da culpa e do pesar ocasionado pela prática de um ato injusto e a vontade de ser admitido como merecedor do perdão.

O ofensor deve admitir que cometeu a injustiça, sentindo pesar pela atitude injusta e manifestar respeito pelo ofendido, entendendo que este é quem decide perdoar, podendo precisar de um tempo para tal.

O perdão pode tornar-se algo desafiador e até mesmo improvável.

Perdoar é uma atitude madura, faz parte do nosso processo de desenvolvimento humano. Principalmente para quem sofreu uma traição ou algum tipo de violência. Certas situações deixam marcas profundas em qualquer pessoa. E, consequentemente, uma mágoa grave e um grande rancor instalam-se.

A questão do perdão vem despertando interesse da ciência, visto que alguns pesquisadores creem que pode elevar a qualidade de vida e o aspecto psíquico no decorrer da existência humana.

Relaciona-se o perdão com alguns benefícios, dentre os quais estão: paz psíquica, diminuição do estresse, aumento da alegria, redução da tensão arterial, amenização de dores crónicas, aprimoramento do sistema imune, prolongamento existencial, perspectiva de mundo mais otimista, capacidade de instituir novas relações.

A razão pela qual deve perdoar as pessoas não é libertá-las da culpa. Mas sim, transformar sua própria raiva e mágoa em cura e positividade.

Perdoar pode ser concebido como a aptidão de sobrepujar o remorso, a mágoa e a vingança no que se refere ao ofensor, sendo reputado como uma das cruciais qualidades, de modo que o Novo Testamento o relaciona com a genuína salvação humana. Possui grande relevância para perpetuidade dos relacionamentos e para a saúde psíquica da pessoa ofendida, podendo elevar a qualidade de vida mental e corpórea (MENEZES, 2009).

O perdão constitui um elemento implícito da qualidade de vida psicológica, corpórea e relacional, colaborando para a incidência de baixos graus depressivos e ansiosos, possuindo enorme relevância para a religião cristã, na qual é reputado como alicerce dogmático (GOUVEIA, 2009).

Quando alguém nos faz o mal, o melhor remédio para isso é perdoar e seguir a vida. Guardar rancor por um tempo prolongado gera sérias implicações em nosso bem-estar emocional, mental e físico.

O perdão é caracterizado como uma forte predisposição de uma pessoa para perdoar outra, seja qual for o momento ou ocasião, traduzindo-se numa peculiaridade psíquica contínua que oscila de sujeito para sujeito. Possui a sua devida importância, pois colabora para saúde psíquica e corpórea, proporcionando benefícios para a sociedade como um todo. A partir do instante em que pessoas experenciam a ausência do perdão, através de atos emotivos de amargura, ressentimento, raiva, ódio, temor, vingança e retaliação, podem exibir problemas de saúde psicológica.

Mendonça et al. (2021) abordam que indivíduos que perdoam possuem predisposição a Pressão Arterial (PA) mais baixa em relação aos que não perdoam, havendo estratégias de aprendizagem para o perdão que podem promover a redução da PA.

A partir do momento em que não se pratica o perdão, ocorre a elevação do tamanho do coração, da PA, do processo respiratório e de gordura no sangue, de sorte que essas constituem as mesmas manifestações sintomáticas do estresse e da raiva. A diminuição do ódio, do estresse e hostilização provocada pela atitude de perdoar ocasiona um aprimoramento relevante na saúde psíquica e corpórea.

Quando não se superam os sentimentos negativos e a pessoa não perdoa, isso atinge o aumento de emoções tóxicas, raiva e estresse, o que pode conduzir a um aumento das reações fisiológicas como elevação da PA e da frequência cardíaca.

Diante disso, o perdão contribui para melhoria da saúde espiritual e mental da sociedade, especialmente para o bem-estar do ofensor e do ofendido, constituindo um elemento significativo para continuidade das interações sociais, traduzindo-se num componente que traz melhorias nos aspectos físicos e psíquicos, promovendo a paz comunitária.

Dra. Glaucia Freitas 

Membro Efectivo da Ordem dos Psicólogos

Cédula Profissional n• 22648

https://www.psicologiaecoaching.pt/glauciafreitas.html

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