“O crescimento da Microsegur tem sido realizado de uma forma muito sustentada e gradual”

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Ao longo de 26 anos de actividade, a Microsegur tem crescido ao longo dos anos de forma “muito sustentada e gradual”, avança à Security Magazine, Arménio Santos, CEO da Microsegur. A aposta da empresa está no forte investimento em novas tecnologias, recursos humanos e consolidação da posição no mercado, bem como no desenvolvimento comercial a nível internacional. A propósito de algumas das novidades da empresa, destaque para o novo sistema anti-drones apresentado em parceria com a ASDT, o qual vai ao encontro da experiência da Microsegur na área da segurança electrónica, com particular enfoque na segurança aeroportuária.

Security Magazine – A Microsegur e a ASDT apresentaram o novo sistema anti-drones. Que sistema é este e quais as suas principais valências e que tipologia de clientes pretendem alcançar?

Arménio Santos – O sistema que apresentámos é constituído por dois subsistemas que, embora faça sentido trabalharem em conjunto, têm objectivos diferentes e impactos operacionais também diferentes. O primeiro subsistema é o de detecção e o segundo é o de neutralização.
O subsistema de detecção não faz nenhuma emissão no espectro electromagnético. A sua antena apenas fica “à escuta” das comunicações entre os drones e o comando do piloto e, quando as detecta interpreta-as dando um conjunto vasto de informações entre as quais as coordenadas do drone e do piloto, a marca, modelo e número de série do drone, etc.
Embora dependa do tipo de marca e modelo, em média, este subsistema tem um alcance aproximado de 10km quando existe em linha de vista entre a antena e o drone.
O subsistema de neutralização é tem como objectivo impedir que o drone siga os comandos do piloto. Para isso emite um feixe direccional nas bandas de radiofrequência relevantes que impede o drone de receber as informações que necessita para prosseguir a sua missão. Quando se quebram as comunicações entre o drone e o piloto, o drone entre em modo de falha e, conforme a sua programação, pode aterrar, pode voltar automaticamente ao local onde iniciou o voo ou pode ficar parado a pairar.
Este empastelamento das comunicações pode também incluir as frequências do sistema de posicionamento satélite (GPS) deixando o drone de “saber” a sua localização. Neste caso o drone não tem possibilidade de voltar ao local onde iniciou o voo, mas o mais importante é que fica sem capacidade de cumprir missões automáticas pré-configuradas (em que não há propriamente um controlo remoto do voo).
Ao contrário do subsistema de detecção, dadas as características intrusivas e probabilidade não nula de efeitos colaterais, a operação do subsistema de neutralização está restrito às forças de segurança.

Como surgiu esta parceria com a ASDT?

A Microsegur tem uma vasta experiência na área da segurança electrónica e com particular enfoque na segurança aeroportuária. Os drones são máquinas que permitem serviços inovadores na área profissional e experiências únicas no uso lúdico, mas quando mal-usados podem constituir uma ameaça de segurança em vários domínios incluindo, obviamente, a segurança da aviação.

É neste contexto que surge a parceria com a ASDT. Obviamente que pesquisámos várias outras hipóteses, mas, no nosso estudo, a ASDT destacou-se pela excelência da solução. Por outro lado, a nossa experiência neste mercado e as nossas capacidades de engenharia no domínio da integração de sistemas estão perfeitamente alinhadas com o perfil de parceiros qua a ASDT pretende.

Este produto já se encontra disponível no mercado português e disponível para ser comercializado? Já se encontra instalado em algum cliente?

Sim, está disponível para ser comercializado. Em Portugal ainda não existem instalações. Começámos a promoção nos clientes relevantes há relativamente pouco tempo.

Relativamente à Microsegur, no ano do vosso 26º aniversário, como avalia estes anos da vossa actividade?

Estes últimos anos têm sido bastante desafiantes, mas muito positivos. Depois de um período de pandemia onde fomos obrigados a reajustar alguma oferta de produtos e serviços, nomeadamente com o lançamento de uma nova marca para o sector da Saude, a Smartcare, o negócio voltou a desenvolver-se de uma forma mais activa e constante por parte dos nossos clientes. Aproveitamos estes anos para reforçar algumas parcerias estratégicas e realizar novas, como esta no segmento dos drones.
A Microsegur felizmente tem uma gestão muito cuidada e controlada, o que nos permite passar por diferentes fases do nosso ciclo de vida sem grandes sobressaltos. Temos também reforçado a posição de mercado em Angola e outros países do continente africano, nomeadamente junto do sector publico, onde a experiência, know-how e profissionais da Microsegur estão a fazer a diferença em projectos de grande envergadura e complexidade.

Na sua perspectiva, como tem evoluído o mercado da segurança em Portugal e como perspectiva os próximos anos?

O mercado tem sido transformado nos últimos anos pelas fortes inovações tecnológicas que temos assistido. Tecnologias que outrora era emergentes, hoje são obrigatórias para os nossos clientes e para conseguirmos implementar soluções de security e safety eficazes. Esta transformação acaba por condicionar alguma selecção natural do mercado. Os players que não se adaptam perdem competitividade e outros novos aparecem. Dito isto, o mercado parece-nos bastante dinâmico fruto da pressão da tecnologia e também do próprio investimento público em diferentes áreas, como as infra-estruturas críticas, energia ou saúde, onde o estado está a realizar fortes investimentos derivado do programa de recuperação e resiliência que está em vigor. Na Microsegur estamos a acompanhar todas estas transformações para cada vez mais conseguirmos reforçar as nossas vantagens comparativas vs a concorrência.

A tecnologia anda de mão dada com a segurança. Sobre esta matéria, que tendências tecnológicas estão a marcar o mercado da segurança electrónica e que transformações acredita que ainda irão acontecer?

Entre outras, a Inteligência Artificial, a internet das coisas, a robótica e a computação na nuvem são alavancas da transformação digital que têm um impacto significativo na segurança, quer como um instrumento ao seu serviço, quer como uma ameaça a ter em conta.
A segurança electrónica é um campo vasto que podemos continuar a segregar para organizar, mas que temos de passar a ver em conjunto se queremos criar verdadeiras soluções.
Por exemplo, hoje já não podemos ver a videovigilância, a intrusão e o controlo de acessos de forma segregada, mas sim como um sistema unificado que:
a) deve correlacionar eventos limitando os falsos alarmes,
b) deve criar informação agregada da ameaça detectada e
c) pode ajudar a operação no seguimento dos procedimentos padrão definidos.
Seguindo a mesma linha de pensamento, se considerarmos, por exemplo, a segurança electrónica dividida entre o domínio físico e o domínio cibernético constatamos que, de facto, a complexidade de cada campo implica especialização, mas, por outro lado, a complexidade dos sistemas electrónicos ligados à segurança física, como o que acabámos de descrever, implicam uma grande capacidade de computação que, ela própria, fica sujeita a ataques cibernéticos.
Pensamos, pois, que a par da evolução por introdução de novas tecnologias (em que o vídeo analítico é um bom exemplo) a unificação de sistemas hoje segregados, a subsequente análise inteligente dos dados das várias fontes e uma visão holística da segurança será uma tendência a ter em conta.

Por onde passa o crescimento da Microsegur e que investimentos estão preparados para 2023?

O crescimento da Microsegur tem sido realizado de uma forma muito sustentada e gradual. Temos crescido com os nossos clientes e parceiros e assim vamos continuar. A aposta está fortemente no investimento em novas tecnologias, por forma a cada vez mais apresentarmos ao mercado e aos nossos clientes soluções inovadoras e que resolvam os seus problemas de uma forma eficiente, está nos nossos recursos humanos por forma a dotarmos a equipa cada vez mais de competências técnicas necessárias para a correcta transição digital da empresa, está na consolidação da nossa posição no mercado e no forte incremento do nosso desenvolvimento comercial a nível internacional, nomeadamente no continente africano.

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