Estudo mostra as tendências de videovigilância em 2020

Cibersegurança e InfoSec IA Notícias Videovigilância




“É esperado que 2020 seja um ano marcante para o sector da videovigilância. As vendas globais anuais de equipamentos de videovigilância, incluíndo câmaras, gravadores, software de gestão de vídeo e acessórios, deverão ultrapassar os 20 mil milhões de euros pela primeira vez”. A conclusão é da IHS Markig no estudo “Security Technologies: top trends for 2020, consultado pela Security Magazine.

O documento aponta que os Estados Unidos e a China, as duas maiores potências mundiais, envolvidas numa disputa comercial, são os dois maiores players no mercado da videovigilância.
A China responde por cerca de 45% da receita global de vendas e fica à frente dos EUA, que surge em segundo lugar.
Apesar das dificuldades comerciais nos dois países, das taxas e sanções específicas no sector, o mercado irá crescer quase 10% em 2020, face a 2019.
India e Sudeste asiático irão expandir ainda mais rapidamente os seus mercados.
A estudo diz a Inteligência Artificial das Coisas ou chamada de AIoT e os deepfakes são alguns dos temas quentes referenciados neste relatório.
Quais são os hot topics para 2020?
Estima-se que estejam em funcionamento em todo o mundo 770 milhões de câmaras de videovigilância. Daqui a dois anos chegaremos a mil milhões. É essa a perspectiva da consultora.
China lidera em número de câmaras com um total de 350 milhões, instaladas profissionalmente. Segue-se os EUA com 70 milhões, Taiwan, Reino Unido e Singapura.
O documento aponta que o Brasil e India têm uma média de preços mais baixa de câmaras de videovigilância, existindo também uma taxa de substituição mais alta. Além disso, diz o estudo, os instaladores e integradores são mais baratos também, tornando a substituição do produto com defeito não tão proibitiva em termos de custos. Europa e América do Norte têm os valores mais altos do mercado e também uma maior taxa de confiança.



Em todos os mercados, a consultora esclarece que irá existir crescimento. Este crescimento tem sido impulsionado pela mudança do analógico para equipamentos de rede, aumento do financiamento dos governos e da concorrência, tornando os preços mais acessíveis para o consumidor final. As câmaras também são cada vez mais desenvolvidas e com melhor qualidade de imagem, o que ajuda a convencer o consumidor sobre a sua utilização. A par disto, a adopção da analítica de video terá enorme potencial, elevando as câmaras a um novo nível.
O estudo aponta que nos próximos anos existirá duas importantes oportunidades para os fornecedores de equipamentos de videovigilância: VSaaS e analítica de vídeo.
O VsaaS (videovigilância como serviço) quando o cliente paga de forma recorrente pelos equipamentos de vigilância conectados à cloud.
Os dados podem ser armazenados num local onde a câmara está instalada ou fora do local principal.
Na analítica de vídeo, a consultora refere que as plataformas de analítica irão tornar-se cada vez mais importantes e necessárias na obtenção de mais informação captada pelas câmaras, assim como destacar as informações capturadas mais importantes.

Mudanças na produção de câmaras de videovigilância
De acordo com o relatório, Novembro de 2019 ficou marcado por ser o 12º mês consecutivo de queda nas exportações da China para os Estados Unidos. Esta é uma das consequências das complexas disputas económicas e comerciais entre os dois países.
Como é do conhecimento do mercado, os EUA colocaram vários impedimentos à contratação de fornecedores chineses como OEM, sendo que as empresas do governo não devem, segundo aponta o documento, negociar com nenhuma entidade que integre a lista negra do Bureau Industry and Security dos EUA.
Devido a esta situação, os fornecedores destes produtos estão a deslocalizar a produção para novos locais fora da China. Muitos já deixaram a China e outros tantos planeiam sair. O preço médio global de uma câmara de rede caiu de 500 dólares de 2010 para 100 dólares em 2019.
Taiwan, Coreia do Sul e países do Sudeste asiático, como Vietnam e Tailândia, assumem-se como grandes centros de produção de equipamentos de vigilância. Existe também produção nos EUA. A India emergiu neste segmento de actividade, no início para responder à procura do seu próprio mercado. No futuro, o país irá produzir cada vez mais equipamentos para exportação. Vietname mostra-se como um país com baixos custos de produção, comparativamente com a China.
A China tem vindo a mitigar os impactos da redução do consumo externo com o crescimento do consumo doméstico. Porém irá enfrentar um aumento da concorrência como fabricante principal.



5G irá alavancar o sector da videovigilância
Este ano será importante no que toca à adopção da tecnologia 5G. No final de 2019, mais de 50 redes comerciais em 27 países estavam operacionais, segundo o Global Mobile Supplier Association.
A China, um dos maiores mercados com potencial para esta tecnologia, lançou oficialmente o 5G, com a sua comercialização em Novembro. O ministério da indústria e tecnologia de informação chinês apontou mais de 130.000 estações base de 5G em operação até ao final de 2019. As três gigantes das telecomunicações do país divulgaram planos para avançarem com o 5G.
Segundo o estudo, embora os planos 5G das operadoras chinesas sejam mais caros do que os de 4G, o preço por GB é mais baxo nos planos 5G.
Os rápidos desenvolvimentos do 5G na China estão a ajudar a impulsionar o potencial da adopção de tecnologias 5G no sector da videovigilância. A China abriga o maior mercado de 5G e conta com alguns dos maiores fabricantes de videovigilância do mundo.
O documento aponta os três principais facilitadores que estendem a proposta de valor da banda larga móvel para novas áreas: a eMBB e mMTC.
Inicialmente, a adopção ou uso de produtos 5G na videovigilância por vídeo pode fornecer conectividade para instalações de videovigilância temporárias ou móveis, como eventos por exemplo, onde o equipamento é levado e utilizado durante o evento e retirado depois.

Crescimento de deepfakes
O uso de videovigilância está a crescer e as imagens são frequentemente utilizadas em processos judiciais, criminais e civis, como forma de prova. O conceito de “ver para crer” começa a ser posto em causa.
Com os avanços da tecnologia, avançam também os videos falsos que podem ser criados rapidamente, juntando imagens de uma pessoa com imagens de video não relacionadas, normalmente de uma pessoa diferente. O conteúdo do vídeo pode ser forjado, alterado, de forma a apresentar algo que não existiu.
Alterar o conteúdo de vídeo dessa forma é conhecido como deepfake e que já for demonstrado com sucesso. Esta possibilidade coloca desconfiança nos sistemas de videovigilância.
Muitas das situações de deepfake estiveram, até agora, relacionados essencialmente com pornografia. Porém, começa a ser usada e Hollywood para aplicação de efeitos especiais. E há histórias da aplicação na política.



O deepfake pode estar intimamente relacionado com as fake news ou propaganda.
Actualmente começam a ser desenvolvidas tecnologias para distinguir vídeos reais de falsificações. A protecção das câmaras e sistemas é cada vez mais um ponto chave nesta luta, ou seja, há uma clara importância do reforço da cibersegurança nesta área. É importante também manter o total controlo da cadeia do vídeo desde a captura até ao sistema de gestão. Há ainda a aposta em criptografia em toda a cadeia, permissões de utilizador personalizadas e logs de auditoria. A tecnologia blockchain também tem um grande potencial nesta matéria na forma como a cadeia de registos é mantida para evidências digitais e físicas.

AIoT em ascenção
Em 2020 a palavra AIoT irá estar em foco tornando-se num buzzword. Representa a junção de AI – Inteligência Artificial e IoT – Internet das Coisas.
O termo foi criado para descrever o influxo de recursos da IA em dispositivos IoT e a capacidade de grandes redes de dispositivos IoT de distribuírem recursos AI na edge, endpoint e cloud. A essência da AIoT reside na utilização de dados recolhidos de vários tipos de sensores.
O conceito de marketing associado à AIoT tornou-se num foco para os fornecedores chineses de videovigilância. A capacidade do marketing é integrada dentro da competência principal do video. Ou seja, o video não é apenas usado da vigilância, mas também para marketing.
Surgem ainda combinações de produtos como por exemplo câmaras com detectores de incêndio, controlo de acessos e sensores de temperatura.
A tecnologia começa a ser aplicado em projectos como parques de estacionamento, retalho, campus de educação e parques industriais. Como conceito de marketing está ainda numa fase inicial, mas prevê-se o seu crescimento.

Analítica de vídeo em crescimento
O estudo indica ainda o crescimetno da analítica de vídeo. O ano passado a discussão centrou-se no desenvolvimento de system-on-chips – SOCs – avançados, particularmente para deep learning analytics.
Segundo o estudo, a implementação de SOCs nas câmaras de rede irá aumentar, integrada com subsistemas DLA para tornarem a análise de video integrada ao processo, abandonando a necessidade de um processamento adicional de um co-processador gráfico ou DLA.

Dinâmica da cloud
O movimento de passar a videovigilância para a cloud está a ganhar força, porém, não se espera para já uma mudança de paradigma, diz o estudo. A cloud está longe de ser o padrão do sector.
Nem todas as instalações são boas candidatas para a cloud. Hoje os sistemas de contagem em canais pequenos têm sido os mais adequados para gestão e armazenagem externa na cloud.
Muitas instalações apostam numa solução híbrida. Ou seja, nem toda a gestão e armazenagem são transferidas para a cloud pública ou privada. Devido a preocupações de privacidade de dados e custo de implementação de uma infra-estrutura na cloud completa faz as empresas optarem por esta solução dupla.
Além disso, assegurar a alta largura de banda necessária para mover grandes quantidades de dados da videovigilância é algo com um custo muito elevado. Muitos departamentos de TI consideram que a abordagem híbrida ou no local são as melhores opções.
Cada vez mais, os sistemas de vigilância por video são da responsabilidade do departamento de TI. Em algumas empresas que estão alinhadas com a passagem de todos os serviços para a cloud, também a migração deste sistema começa a ser uma prioridade. Porém, esse investimento poderá ser parado quando os custos começam a ser explorados.