Evolução Tecnológica: Depressa ou Longe?

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Por Carla Capelo,  Ergonomista/ Técnica Superior de Segurança e Saúde no Trabalho, ANA – Aeroportos de Portugal

A evolução tecnológica no mundo do trabalho tem vindo a trazer novos desafios aos ergonomistas e profissionais de segurança e saúde no trabalho. Estes avanços obrigam a uma adaptação constante dos trabalhadores, pelo que o acompanhamento de especialistas é fundamental para proteger a sua saúde.

Os efeitos da participação destes profissionais são particularmente benéficos quando integram projetos na sua fase de investigação, quer seja na conceção, organização ou reformulação do trabalho, das suas técnicas, máquinas ou equipamentos.

Antigamente, os trabalhadores de qualquer setor reagiam com muitas reservas perante a implementação de novos processos, máquinas ou dispositivos. O receio de não se adaptarem às mudanças, de que o produto final não ficaria perfeito sem uma constante intervenção humana e, até, que seriam substituídos pela máquina; se, por um lado, o sobre esforço físico era diminuído, os riscos psicossociais aumentavam grandemente.

Esta tendência encontra-se atualmente invertida, sendo a evolução vista com bons olhos: os trabalhadores são os primeiros a reconhecer os progressos tecnológicos como algo que podem utilizar a seu favor, uma mais-valia na sua interação com o sistema, diminuindo a monotonia e repetitividade das suas tarefas, melhorando a sua saúde, aumentando a produtividade e aprimorando, até, o resultado final do trabalho.

É usual em contexto real de trabalho a sugestão dos trabalhadores de projetos e, até, ideias da sua autoria que consideram poder ser adaptados à sua atividade, para minimizar o sobre esforço físico das suas tarefas diárias, automatizar processos, aumentar o conforto e a produtividade. Para os pôr em prática, solicitam a ajuda dos profissionais de segurança do trabalho, de forma a que possam, conjuntamente, estudar a viabilidade da implementação destas sugestões de melhoria, o cumprimento dos requisitos legais, a formação necessária e a confirmação dos benefícios que a nova implementação poderá trazer. Para os profissionais da segurança no trabalho, estes contributos são da maior importância, uma vez que ninguém conhece melhor qualquer processo do que o próprio trabalhador.

Desta forma, em qualquer contexto de trabalho, os profissionais de segurança devem procurar consultar os trabalhadores e apelar à sua participação antes de qualquer alteração à sua atividade, em prol do objetivo que os une: melhorar a saúde e a segurança dos trabalhadores.

“Se queres ir depressa, vai sozinho. Se queres ir longe, vai acompanhado.”