“Segurança” é cada vez mais valorizada pelos operadores logísticos em Portugal

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São vistos como o motor de uma economia. Movimentam, manipulam, armazenam e distribuem milhares de toneladas de mercadorias diariamente. Entre produtos acabados, medicamentos, matérias primas, entre outros, os operadores logísticos garantem que todos estes bens chegam no momento certo, à hora exacta e nas melhores condições, garantindo o rigoroso cumprimento das exigências dos seus clientes oriundos os mais diversos sectores de actividade. Tratam as mercadorias como suas e, entre a urgência do dia-a-dia e a tipologia dos produtos, a segurança das suas operações e das suas pessoas é um aspecto cada vez mais valorizado.  A Security Magazine foi conhecer a realidade de cinco dos maiores operadores presentes no mercado nacional em matéria de segurança.

“A área de segurança assume uma importância central na estratégia da Rangel”, começa por dizer Filipe de Almeida, corporate security & loss prevention manager da Rangel Logistics Solutions. A empresa criou, em 2015, uma direccção dedicada à gestão corporativa e transversal das áreas de security & loss prevention. “Desde então”, recorda o responsável, “tem vindo a ser desenvolvido um trabalho de fundo, assumindo a segurança como um valor fundamental do negócio e um valor pessoal da Rangel”. A empresa encara as medidas de segurança e protecção como “um investimento estratégico”, as quais têm “um retorno claro”. Isto porque, reflecte-se directamente na redução de perdas e danos e na melhoria do serviço prestado, bem como o aumento da eficiência operacional. Quanto a preocupações, na Rangel é dada grande atenção à monitorização das actividades desenvolvidas nas operações de transporte e armazenagem, “de forma a identificar, preventivamente, comportamentos com potencial de risco e desenvolver e implementar, atempadamente, medidas mitigadoras para os mesmos”, diz Filipe de Almeida.

“Assumimos o compromisso constante de promover a sensibilização dos nossos colaboradores para as questões de qualidade, segurança, higiene e saúde no trabalho, ambiente e segurança alimentar”, destaca Pedro Palmeiro, gestor de Recursos Humanos do grupo Luís Simões. Neste sentido, a empresa procura ainda “desenvolver as suas competências e motivação perante os objectivos do negócio. Como destaca, “procuramos criar, a cada dia, ambientes de trabalho seguros, através de comportamentos saudáveis por parte de todos os intervenientes nos nossos processos de trabalho”.

A segurança é um aspecto muito valorizado também na Logifrio. Como comenta Victor Figueiredo, CEO da empresa, “a segurança, no seu sentido lato, assume uma importância fulcral para a Logifrio”. Neste sentido, “desde a segurança alimentar, daí as nossas certificações IFS Logistics e BRC Storage and Distribution, até à segurança no trabalho, passando pela segurança das instalações e das mercadorias”, são tidas em consideração. O responsável destaca que é “fundamental garantir que esta actividade decorre sem incidentes, de forma harmoniosa, com a menor exigência física possível e com um controlo permanente sobre todos os movimentos de produtos e das pessoas que os movimentam”.

Importa referir, que a importância que a segurança no trabalho assume para os operadores logísticos, numa actividade de forte intensidade e exigência. Na STEF, operador europeu de temperatura controlada, nos últimos dois anos a segurança no trabalho “tem assumido uma preocupação crescente”, diz Magda Peralta. Como salienta, a STEF Portugal decidiu, no segundo semestre de 2020, “criar um departamento interno de SST”, sendo que a nova área “ajudou a definir e melhorar a estratégia e política para a cultura de segurança da empresa”. Como destaca, “para a direcção, esta é uma prioridade absoluta de modo a minimizar riscos de acidentes e proporcionar aos trabalhadores as melhores condições de trabalho”. Desta feita, entre 2020 e 2022, a STEF Portugal investiu um milhão de euros no departamento de segurança no trabalho, o qual funcionalmente reporta ao mais alto nível da estrutura. O investimento contemplou a melhoria das infra-estruturas e condições de trabalho, bem como formação específica na área. No próximo ano, por exemplo, a empresa irá dar destaque ao início de testes com drones e exosqueletos que poderão ajudar a minimizar e prevenir riscos na movimentação de cargas e trabalho em altura.

Também na Logista, a segurança “assume um papel preponderante”. Segundo Sérgio Gonçalves, security & safety manager da Logista e director of security da Logista Pharma, o grupo engloba várias empresas de diferentes sectores, “sendo que todas elas movimentam produtos de alto valor, o que significa que temos de garantir a segurança das pessoas e bens, dentro das instalações e durante o transporte”.

Além disso, diz, “ao existirem as condições de segurança, existe também menor exposição ao risco”. Também no que toca à segurança no trabalho, o responsável destaca que existe um foco “muito forte em garantir que as condições de trabalho são as melhores”, sendo a empresa certificada na ISO 45001. Como sublinha, “trabalhamos com base na melhoria contínua e, por essa razão, tentamos diariamente corrigir os nossos defeitos, melhorar as nossas virtudes e acreditamos que somos um grupo de referência no que concerne à segurança como um todo”. Neste sentido, o grupo investe fortemente em EPIs, manutenção de equipamentos de trabalho, instalação e manutenção de sistemas de segurança, certificação, licenças e formação, entre outras. Neste ano fiscal, o grupo já renovou e ampliou parte dos sistemas de segurança da sede e da central, bem como os sistemas de segurança da frota dedicada.

Cultura de segurança

A construção e manutenção de uma cultura de segurança é essencial dentro de uma organização. Vitor Figueiredo, responsável da Logifrio, explica que “uma organização só consegue implementar uma verdadeira cultura, seja de segurança, seja de outra temática, se os colaboradores acreditarem nessa cultura e sentirem-na como sua”. Como acrescenta, “a cultura é algo que se vai construindo, enraizando e difundido. Mais do que algo que está escrito sob forma de procedimento ou obrigatoriedade, é algo que tem de fazer sentido, ser verdadeiro e consistente”.

Como aponta Pedro Palmeiro, da Luís Simões, “só com o envolvimento e responsabilização de todos os colaboradores se consegue implementar uma verdadeira cultura de segurança”. Esta cultura “começa em cada um de nós, que devemos, cada um no desempenho da sua função, assumir-se como o principal responsável pela sua segurança em primeiro lugar, e a de todos logo depois”.

Filipe de Almeida salienta que na Rangel “a segurança tem que ter uma perspectiva holística de todo o funcionamento da organização, com uma visão integral de todos os processos, de forma a poder, não só desenvolver acções estruturais, como também desenvolver medidas estruturantes”. É assim que a empresa consegue assegurar “a protecção de pessoas e bens em todas as etapas da cadeia logística”. Não é de estranhar que a empresa tenha adoptado, inclusivamente, o lema “Somos todos Rangel, Somos todos Segurança”. A empresa iniciou recentemente um processo de nomeação de “Security Ambassadors” em todas as suas plataformas e operações. “São estes elementos que difundem junto das suas equipas os princípios de segurança e realizam uma acompanhamento de proximidade para que cumprimento normas não seja uma excepção, mas sim parte da maneira natural de agir de todas as equipas.”

Na STEF Portugal os investimentos na segurança não páram. No final do ano passado, a empresa arrancou com um piloto, denominado “A cultura da mudança”, o qual tem como objectivo “a mudança estratégica da empresa, implementando as sugestões dos trabalhadores de modo a aumentar a retenção dos mesmos e alterar a gestão comportamental das mentalidades”, destaca Magda Peralta. Como acrescenta, “a segurança é de todos e para todos” e este tem sido o lema da empresa nos últimos anos. “O foco está no reforço da cultura de segurança, que é importante para promover um bom relacionamento e trabalho com os representantes da segurança (…)”.

Já para Sérgio Gonçalves, responsável da Logista, a cultura de segurança consegue-se através de “muita pedagogia, muita paciência, muito trabalho, muita dedicação e, sobretudo, por «amor à causa»”. Como aponta, tem de se gostar muito desta área para conseguir implementar uma cultura de segurança, porque esse processo pode ser longo, e ter uma excelente equipa a ajudar-nos a fazer este trabalho diário”.

A ver por estas cinco realidades, torna-se evidente a importância que a componente da segurança assume dentro dos operadores logísticos nacionais, assumindo-se cada vez mais como uma área estratégica dentro das organizações.

Poderá ler as entrevistas na íntegra nos seguintes links:

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