“Mais confiança” foi o mote para a 9ª edição do C-Days, conferência anual de cibersegurança, organizada pelo Centro Nacional de Cibersegurança. Ao longo de três dias, foram muitos os que rumaram à Alfândega do Porto para discutir e debater os principais temas da actualidade, em matéria de cibersegurança, bem como para rever clientes, parceiros e estabelecer pontes e reforçar relações. A Security Magazine juntou-se ao evento como media partner.
António Gameiro Marques, director-geral do Gabinete Nacional de Segurança, destacou à Security Magazine que “o C-Days mostra a maneira como a sociedade portuguesa está cada vez mais a colocar os assuntos da segurança da informação, participialmente a segurança da informação no ciberespaço, no seu dia a dia”. Conforme defende, “a segurança no ciberespaço, feita com um propósito estratégico, pode ser uma ferramenta para salvaguardar a saúde das democracias porque cria confiança e dá confiança aos cidadãos no uso dos meios digitais, permitindo-lhes saber que existe um conjunto de políticas públicas, regras e mecanismos que protegem o essencial dos valores das democracias, nomeadamente a privacidade, direitos, liberdades e garantias na internet”.
Lino Santos, coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança, avançou que o C-Days deste ano teve uma “forte afluência, com mais de 1250 inscritos e com muitas caras novas. Estes números mostram que “a comunidade está a aumentar e que o tema da cibersegurança está a começar, de alguma forma, a ser levado a sério nas organizações e a despertar interesse por parte da população em geral”.
Sobre o tema deste ano, Lino Santos destacou que “a confiança é essencial para termos liberdade, segurança e justo equilíbrio entre ambos”. Neste sentido, “precisamos garantir que existe essa confiança para que a economia funcione”, disse.
Isabel Baptista, responsável pela coordenação do departamento de desenvolvimento e inovação do CNCS, adianta à Security Magazine que “a C-Days começou devido à necessidade de sensibilização em cibersegurança e, o seu propósito, continua completamente actual nove anos depois”.
A 9ª edição surge num momento de transição muito importante, marcado pela transição para a nova Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço e a nova directiva NIS 2. “A segunda Estratégia termina este ano (2020-2023), sendo que estamos neste momento a trabalhar na elaboração de uma nova edição da Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço. Nesta edição do C-Days criámos um ponto para obtenção de contributos da sociedade civil para a nova Estratégia”, referiu. Já em relação à NIS 2, esta “irá alargar o âmbito de aplicação a novos sectores de actividade económica, reforçar poderes de autoridade, reforçar a responsabilidade dos operadores de serviços essenciais e serviços importantes e criar novos instrumentos inovadores que têm por objectivo assegurar o elevado patamar de cibersegurança nestas entidades tão importantes para a nossa sociedade”.
Durante a sessão de abertura, Filipe Araújo, vice-presidente da Câmara do Porto, destacou que “mais do que nunca, justifica-se que olhemos com preocupação, mas, acima de tudo, com responsabilidade e atenção redobrada para os temas da cibersegurança”. Como apontou, para a cidade do Porto, “o controlo da infra-estrutura tecnológica é a chave para o sucesso do desenvolvimento de uma estratégia digital de alto impacto”. Recorde-se que a autarquia controla a infra-estrutura de comunicações da cidade através de uma plataforma urbana, na qual “terá de haver uma redobrada atenção na prevenção e vigilância” no que se refere ao tema da cibersegurança”.
O secretário de Estado da Digitalização e Modernização Administrativa, Manuel Campolargo, destacou a importância da confiança no ambiente digital e destacou que “está a ser preparado, no âmbito do Conselho Superior de Segurança do Ciberespaço, e com a liderança do Centro Nacional de Cibersegurança, o diploma legal que procederá à transposição da nova directiva de segurança das redes e sistemas de informação. Além disso, destacou a fase de elaboração da nova Estratégia Nacional de Segurança do Ciberespaço que integrará já as inovações introduzidas neste domínio pela directiva.
Para o responsável, é importante tornar a cibersegurança num investimento, destacando os esforços dirigidos à criação de respostas que permitam às pessoas, empresas e administração pública a aquisição de capacidades para fazer face aos desafios do mundo digital. Um desses exemplos é a criação da C-Network, uma rede de centros de competências em cada região do país, cuja missão é desenvolver a capacidade de cibersegurança junto dos agentes locais; bem como da C-Academy, que irá formar quase 10.000 profissionais com qualificações muito avançadas em cibersegurança. “Desenvolver a confiança na sociedade digital é uma das principais funções das políticas publicas em cibersegurança, mas a confiança não se estabelece sozinha (…) É uma rede que se tece cuidadosamente em conjunto, que podemos não ver, mas que precisamos saber que existe e está lá para quando precisarmos dela”.
Importa destacar que esta edição contou com oradores de diferentes áreas – decisores, profissionais, académicos e comunidade em geral – que promoveram a reflexão nos domínios da sociedade, economia, políticas públicas, ética e direito, riscos e conflitos, inovação e tecnologias futuras.