Para além de uma barreira

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São, cada vez mais, um dispositivo essencial numa boa estratégia de protecção de edifícios, bens e pessoas. Os sistemas de controlo de acessos, além da possibilidade de controlarem entradas e saídas de pessoas, funcionando quase como uma barreira, possibilitam ainda a tomada de decisões, uma vez que permitem a recolha de outras informações adicionais e importantes para o negócio.

Genericamente, estes sistemas possibilitam um controlo da movimentação de pessoas num determinado espaço, permitindo gerir em que momento e onde determinada pessoa pode aceder, limitando a sua entrada. A sua aplicação é vasta, podendo ser implementados em diversas áreas, conforme as necessidades inerentes.

Estes dispositivos possibilitam também ainda saber os fluxos, horários, comportamento e rotas das pessoas. Simultaneamente podem ainda ser integrados com outros sistemas de CCTV, por exemplo, ou até mesmo com sistemas de gestão de Recursos Humanos. Com esta abrangência, o investimento nestas soluções pode traduzir-se em ganhos significativos de uma forma transversal dentro de uma organização, não se limitando apenas à questão de segurança. A aplicação destes sistemas tem mais-valias, tanto ao nível do safety como do security.

A título de exemplo, são sistemas que podem ser amplamente implementados em ambiente hospitalar contribuído para um melhor controlo dos acesoss de entrada e saída do edifício e zonas. Podem ainda ajudar no dia-a-dia da segurança hospitalar, uma vez que facilitam na orientação correcta de pacientes ou visitantes, limitam o acesso aos armazéns e zonas depósito de medicamentos ou até controlam as deslocações de pacientes com determinados distúrbios. Além disso, quando integrados com os sistemas de RH, permitem, por exemplo, controlar a entrada e saídas de colaboradores, como registo de assiduidades.

Entre as várias possibilidades implementadas, em termos práticos, é possível recorrer a cartões magnéticos para acessar a várias portas numa instalação; teclados com senha; sistemas biométricos (reconhecimento facial ou de palma, por exemplo); e sistemas baseados na cloud, com recurso a dispositivos móveis.

De facto, observando a sua história, o controlo de acesso tem evoluindo ao longo dos anos, tendo inicialmente sido feito por via meramente humana, sem recurso a sistemas tecnológicos, método, aliás, ainda usado por muitas empresas. A aposta nestes sistemas depende, em muito, das necessidades de cada negócio e realidade.

À Security Magazine profissionais do sector salientam a importância destes sistemas para a garantia da segurança das suas instalações, pessoas e bens.

Resultados excelentes no controlo e prevenção de furtos e roubos
Elisiário Costa, head of security, recruitment & development no IHG Hotels & Resorts (InterContinental Hotels Group), destacou que na área da hotelaria o controlo de acessos aliado a uma equipa de segurança permanente, contractualizada por via de uma empresa de segurança privada, traz “resultados excelentes no controlo e prevenção de furtos, roubos, entradas indesejadas, entre outros”.

Esta aposta, alinha-se com o que “é fulcral no nosso negócio”, ou seja, “o sentimento de segurança dos nossos clientes e colaboradores, onde cada cliente poderá usufruir de uma experiência de luxo, sem que tenha as preocupações generalizadas e habituais sobre segurança”. Além dos furtos ou intrusões, uma das principais preocupações são “as potenciais ameaças terroristas que se propagam na Europa desde há alguns anos”. Desta forma, “tentamos garantir que há um rastreio exigente no controlo de acessos, em consonância com outras medidas e, claro, com as parcerias com as autoridades oficiais nesta matéria”.

A empresa conta com dois sistemas de controlo de acessos, totalmente independentes um do outro. “Um destinado ao registo biométrico, focado nos nossos colaboradores para registo de ponto diário, onde podem gerir o seu dia-a-dia, nomeadamente, registo de faltas, horas extraordinárias, pedidos e solicitações ao departamento de RH, alteração de dados pessoais, e que conta já com a possibilidade de dispor dos recibos de vencimento imediatamente online”. O outro sistema destina-se ao controlo de acessos de clientes, fornecedores e terceiros “que possam querer aceder às nossas instalações mas que, ainda assim, são também verificados pela nossa equipa de segurança contratada”. Como aponta, este é “um excelente sistema tecnológico”, onde apenas é concedida a autorização, com um cartão pré-programado para determinada área e onde só será concedido o acesso ao cliente autorizado.

“Como a criminalidade evoluiu e aumentou nos últimos anos, houve necessidade de antecipar algumas questões importantes de segurança e salvaguardar as nossas instalações de possíveis intrusões, entre outros”, destacou o responsável. A empresa conta com um sistema de segurança, de última geração, que permite saber, no momento, quem acedeu, ou tentou aceder, a determinada área pública e/ou privada, quarto, gabinete ou sala de reunião. “A aposta nesta solução tem evoluído positivamente ao longo dos tempos porque permite-nos fazer leituras de fechaduras no momento e detectar possíveis tentativas de intrusão e comunicar, de imediato, às autoridades competentes, para que as demais diligências possam ser efectuadas e, caso necessário, apurar-se o infractor”.

Integração total

Também na área farmacêutica, este tipo de dispositivos tem aplicações consideradas importantes para a manutenção da segurança das instalações.
O Laboratório Edol é também um exemplo de uma empresa que implementou este tipo de tecnologia. A farmacêutica portuguesa, especializada no desenvolvimento, fabrico e comercialização de medicamentos, nomeadamente na área de oftalmologia, tem critérios muito restritos no acesso às suas instalações de produção, uma vez que muitos dos produtos são estéreis.

Como explica Eduardo Antunes, responsável pelo departamento de operações – segurança e ambiente, adiantou à Security Magazine que as instalações “contam com um sistema de controlo de acessos que visa garantir a segurança e controlo adequado das entradas e saídas dos nossos colaboradores e de todos quantos nos visitam”. Assim, todos os colaboradores e visitantes – como, por exemplo, empresas prestadoras de serviço, “recebem à entrada um cartão de acesso pessoal que é programado para permitir o acesso a áreas específicas das instalações, de acordo com a sua função e/u nível de autorização”.

Além dos cartões de acesso, a empresa utiliza “o sistema de autenticação biométrica de impressão digital para registo dos horários de entrada e saída dos colaboradores, o que nos ajuda no controlo de presenças e elimina a possibilidade de qualquer registo não autorizado”. O sistema de controlo de acessos “é monitorizado e gerido pela equipa de SI, que pode tomar medidas imediatas em caso de incidente ou violação das regras de segurança”, esclarece.

Desde a sua implementação, o sistema já foi melhorado e adaptado para responder às crescentes necessidades do Laboratório Edol. Entre as principais razões para a implementação deste sistema, Eduardo Antunes destaca a conformidade regulatória, o acesso a áreas limpas, segurança e capacidade de resposta à emergência*, sendo estes, aliás, aspectos que classifica como importantes neste segmento de negócio. Além disso, esclarece que o sistema de controlo de acessos “está integrado com outros sistemas, nomeadamente com os sistemas de alarme e intrusão e CCTV”. Assim, “todos estes sistemas estão bem implementadas e adaptados às necessidades específicas das nossas fábricas. Conseguimos criar um ambiente onde todos se sentem seguros”.

Hélder Colaço, director de segurança numa empresa dedicada à produção de Cannabis para fins medicinais, destacou, na última edição da Security Magazine que o uso de um sistema de controlo de acessos electrónico, que inclui leitores de cartões, fechaduras electrónicas, acesso remoto digital, reconhecimentos biométricos, entre outros, são muito importantes numa instalação deste género. “Estes sistemas garantem acesso a áreas restritas e /ou condicionadas, aumentando o controlo na circulação de pessoas e veículos nas instalações”.

Também João Estrela, head of security da CANNPRISMA – Premium Medical Grade Cannabis, destacou, na mesma edição, a importância dos sistemas tecnológicos na segurança da produção de canábis medicinal. Entre as tecnologias importantes para a segurança desta tipologia de espaços, destacou entre elas os sistema de detecção de intrusão – que garante a alarmística quanto à presença de pessoas fora dos horários estabelecidos para a utilização dos diferentes locais/espaços e os sistemas de controlo de acessos – que desempenham um papel crucial na delimitação dos diferentes perímetros (condicionado, restrito); dos fluxos de pessoas e materiais, quanto aos sentidos direccionais de entrada/saída e na segregação dos acessos aos dirigentes espaços das instalações.
A ver por estes exemplos, e outros partilhados nesta edição, é clara a mais-valia da boa aplicação destes sistemas, tendo em conta as características do próprio negócio e das suas necessidades

Mercado a crescer
Um estudo da Markets and Markets estima que o mercado global de controlo de acesso alcance os 14,9 mil milhões de dólares em 2028, mais 8,4% que em 2023 (9,9 mil milhões de dólares).
“O uso extensivo do controlo de acessos no mercado doméstico, os avanços tecnológicos e aumento dos sistemas de segurança wireless em todos os verticais são responsáveis pelo crescimento do mercado neste período”, diz o estudo. Além disso, refere que factores como o aumento da procura da implementação de controlo de acessos baseado em dispositivos móveis está também a alimentar o crescimento do mercado.

O mercado global está consolidado em poucos players, sendo os Estados Unidos os principais consumidores desta tipologia de produtos. Segundo o estudo, a Internet das Coisas está a permitir uma melhoria da qualidade e eficiência da automação de sistemas permitindo-lhes a troca de dados de forma segura e ligando objectos inteligentes à intenet. Os sistemas conectados de segurança comunicam com dispositivos através da nuvem, o que permite monitorizar áreas-chave remotamente. Além disso, estes sistemas são autenticados com passwords, tendo em vista evitar a entrada de cibercriminosos. Muitos negócios, segundo o estudo, estão a mudar das formas tradicionais para sistemas mais evoluídos, aplicados a diversas realidades, como sistemas de alarme inteligentes ou abertura inteligente de portas.

O crescimento do cibercrime e ataques terroristas globalmente levou a um aumento das preocupações com o safety e security de infra-estruturas e pessoas. Na maioria das indústrias, a segurança física e lógica, é separada em departamentos e as suas necessidades e utilizações são diferentes. Um controlo de acessos inadequado permite a intrusão de agentes maliciosos que ganham acesso não autorizado à informação da empresa.

Segundo o documento, há vários benefícios na utilização de controlo de acessos por via dos smartpones. Além de oferecer uma forma mais conveniente de entrar no edifício, dá aos gestores do edifício e de segurança uma forma simples e eficiente de gerir acessos e permissões.
Segundo o investigadores e especialistas no sector, o controlo de acesso remonta às fechaduras utilizadas há mais de 6000 anos, pelos egípcios. Já com a revolução industrial estes mecanismos conheceram desenvolvimentos significativos, tendo os mesmos sido intensificados já no século XX, com o desenvolvimento de sistemas electrónicos e todo o portfólio de sistemas disponíveis hoje no mercado.

Quanto ao seu futuro, especialistas do sector apontam para revolução que Inteligência Artificial poderá trazer a estes dispositivos, fornecendo novas capacidades para proteger e gerir os acessos. Estes sistemas poderão aprender com o comportamento do utilizador, detectar anomalias em tempo real, identificar potenciais riscos e tomar medidas antes de alguma situação se tornarem uma ameaça. A biometria continuará também na ordem do dia, nomeadamente através do reconhecimento facial, impressão digital e íris. Além destas, destaque para o aumento do controlo remoto por via de uma aplicação móvel; o uso dos smart wareables, como relógios inteligentes, para facilitar o acesso, evitando o uso de cartões ou passwords; a blockchain que permite ter uma gestão descentralizada de gerir permissões e identidades; a realidade aumentada e a análise preditiva. Especialistas apontam ainda para uma maior integração entre controlo de acessos e outros dispositivos, como câmaras e alarmes; o aumento do acesso móvel; e a autenticação multifactor, assim como aplicações e infra-estruturas baseadas na cloud.

De facto, cada vez mais, a implementação destes sistemas faz parte da dinâmica das empresas, garantindo a segurança das suas pessoas, instalações e bens, sem comprometer a dinâmica do próprio negócio, tornando numa introdução e utilização cada vez mais simplificada e descomplicada.

Conformidade Regulatória: O sector farmacêutico é extremamente regulamentado e exige medidas de segurança rigorosas. O sistema de controlo de acessos ajuda no cumprimento dessa regulamentação, nomeadamente na proteção dos processos de fabrico e dos dados da produção, garantindo que existem registos e evidências das entadas e saídas das zonas mais críticas das instalações.

Acesso a áreas Limpas: Algumas áreas da fábrica, nomeadamente as salas limpas, têm requisitos rigorosos de controlo de acesso devido às condições de esterilidade que temos de garantir nos processos e nos produtos. O sistema garante que apenas pessoal treinado e autorizado tem acesso a estas áreas.

Protecção de Dados: Como empresa farmacêutica, lidamos com muita informação confidencial. O sistema de controlo de acessos ajuda a proteger esses dados, garantindo que apenas colaboradores autorizados têm acesso a áreas onde essas informações estão armazenadas.

Segurança: A implementação do sistema de controlo de acessos garante que apenas pessoas autorizadas têm acesso às nossas instalações, reduzindo o risco de intrusões e incidentes de segurança.

Capacidade de Resposta à Emergência: O sistema de controlo de acessos também incrementou a capacidade de resposta a emergências. O facto de sabermos quem se encontra nas nossas instalações permite assegurar que em caso de evacuação ou outra situação crítica que ninguém fica para trás.

Fonte: Eduardo Antunes, departamento de operações – segurança e ambiente – Laboratórios Edol.

Artigo publicado na última edição especial da Security Magazine.