“É crucial tornar o sector da segurança privada mais atractivo para atrair e reter talentos”

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A Trablisa ESEGUR arrancou com a sua actividade em Portugal em Março de 1994, contando hoje com 1469 colaboradores em Portugal. Com oito escritórios (sede no Prior Velho – Lisboa e delegações no Porto, Viseu, Coimbra, Algarve, Funchal, São Miguel e TESBO – Palmela), tem como oferta principal em termos de serviços os sistemas de segurança, vigilância, Central Receptora de Alarmes, transporte e tratamento de valores, gestão integrada de ATM e soluções de back office. Julio J. de la Sen, director geral da empresa, destaca à SECURITY MAGAZINE que a empresa está a investir num novo SOC e sublinha as preocupações que se vivem no sector actualmente.

SECURITY MAGAZINE – Na sua perspectiva, observando a dinâmica desta actividade nos últimos anos, quais os principais desafios que enfrenta actualmente o sector da segurança privada em Portugal?
Julio J. de la Sen – Na opinião da Trablisa ESEGUR, o sector da segurança privada enfrenta diversos desafios que se verificam a diferentes níveis.
Em primeiro lugar, acompanhar o ritmo da evolução tecnológica, de forma a oferecer um aumento real da segurança, de maneira pouco intrusiva e respeitosa com a privacidade individual, garantindo sempre um alinhamento com as necessidades do mercado e sociedade.
Por outro lado, evidenciar o que deveria ser óbvio, mas nem sempre é. Sendo a segurança um bem básico transversal a toda a sociedade deveria ser considerada um investimento prioritário e não apenas uma despesa “necessária / obrigatória”. Por último, mas não menos importante, a Trablisa ESEGUR considera que é essencial aprimorar a credibilidade do sector, erradicando prácticas inadequadas, sobretudo no que diz respeito ao recurso ao trabalho indevidamente remunerado.

Que estratégias devem ser adoptadas para contornar esses mesmos desafios?
Para contornar esses desafios é essencial adoptar uma abordagem abrangente em diversos níveis.
Em primeiro lugar, é crucial tornar o sector da segurança privada mais atractivo para atrair e reter talentos. Isso implica não apenas remunerar os seus profissionais de forma competitiva, mas também criar iniciativas do sector, como um todo, por meios das associações e outras fórmulas de cooperação, que demonstrem perspectivas de futuro, incentivadoras e encorajadoras, com as quais os jovens se identifiquem.
Numa outra vertente, é fundamental alinhar o discurso do Estado e governantes com as práticas dos organismos e instituições que eles próprios tutelam.
O Estado é o maior requerente dos serviços de segurança e, ao mesmo tempo, o seu tutor, uma vez que a segurança privada está definida na Lei como subsidiária e complemento da segurança pública.
Não é compatível o rigor legislativo que se pretende e se precisa, com a sistemática falta de rigor na fiscalização dos serviços que ele próprio contrata.
Temos a obrigação, como sector, de encontrar fórmulas que evidenciem essa discrepância. Só assim, aumentaremos a nossa própria credibilidade como sector.

Como olha para o futuro da segurança privada em Portugal em termos de crescimento, regulamentação e contratação pública?
A Trablisa ESEGUR encara o fututo do sector com optimismo, considerando que, nos últimos 20 anos, registou um crescimento médio anual de 3,6%. Este progresso é notável, especialmente diante da contratação nos primeiros anos da década passada, e nos últimos cinco anos, em que observamos um aumento próximo do dobro desse valor. Contudo, para garantir esse crescimento contínuo, consideramos fundamental que o sector, como industrial, desenvolva estratégias eficazes para enfrentar com sucesso os desafios identificados.
No caso da Trablisa ESEGUR em particular, além de mantermos a liderança no transporte e tratamento de valores, apostamos de uma forma clara na tecnologia.

Por onde passa o crescimento da vossa organização em 2024?
Do ponto de vista dos investimentos, a Trablisa ESEGUR encontra-se em processo de construção de um novo SOC (Security Operations Center), que se tornará o epicentro da nossa oferta no mercado de soluções de segurança, e contamos que esteja operacional ainda no primeiro semestre deste ano, representando um marco significativo para a nossa organização.
Por outro lado, estamos a reforçar as nossas equipas com o intuito de implementar um modelo de negócio mais competitivo, com um perfil claramente tecnológico, de forma a garantir que respondemos às necessidades do mercado da forma mais eficaz e inovadora.