S21Sec | João Barreto Fernandes: “As organizações têm de continuar a proteger-se”

Cibersegurança e InfoSec Notícias

“As organizações mais relevantes do país, nomeadamente da Banca, TELCOs, seguradoras e algumas infra-estruturas críticas, estão bem protegidas”, em matéria de cibersegurança, disse à Security Magazine, João Barreto Fernandes.

Porém, para o CMO e VP de marketing estratégico da S21Sec, “esse não é o problema”. Como salientou à margem do executive breakfast, organizado pela S21Sec, na passada sexta-feira, “ por muito bem protegidas que estejam – e mesmo estando alinhadas com benchmarks internacionais e empresas de referência noutros países –, o crescimento dos ataques e da sua sofisticação é tão relevante que os níveis de segurança não são suficientes”. Como acrescentou, “estas organizações têm de, cada vez mais, capacitar-se mentalmente que têm de habilitar-se técnica e humanamente para estes desafios”.

Consciente do grau de inteligência e de recursos financeiros dos cibercriminosos, João Barreto Fernandes acredita que “por muito bem protegidas que estejam, as organizações têm de continuar a proteger-se ainda mais”.

No entanto, a maior preocupação hoje em Portugal reside ao nível das PME, ou seja, a parte mais significativa no tecido empresarial português. O problema está, na opinião do responsável, na questão da dimensão do mercado. “Não temos fabricação nacional, a não ser serviços, ou seja, são raras as empresas que desenvolvem tecnologia nacional”. Neste sentido, “as empresas fornecedoras de tecnologia têm muita dificuldade em dimensionar custos para as empresas da dimensão das portuguesas”, disse.

“Um grande banco português é mais pequeno que um médio de Nova Iorque”, exemplificou. Face a esta realidade, “estamos sempre a pagar tecnologia que foi preparada e dimensionada para os desafios das grandes empresas, o que faz com que paguemos uma factura muito cara e que muitos negócios se controlem mais do que deveriam”.

Apesar do cenário, o responsável da S21Sec sublinhou que “há muitos organismos que estão a fazer fortes investimentos há vários anos” e não tem dúvidas ao afirmar que “há empresas que estão bem preparadas, outras que deveriam estar e não estão e muitas que nunca foram alertadas para essa questão”.

João Barreto Fernandes classificou esta área como “altamente dinâmica”. Uma realidade que se traduz em maiores desafios para as organizações, nomeadamente ao nível da contratação. “É um sector de elevadíssima procura de talento e Portugal tem muito bons profissionais, mas que estão a ir para o estrangeiro, o que torna muito difícil o recrutamento”.

“Um futuro risonho”

Quanto à evolução da S21Sec, João Barreto Fernandes explicou que a empresa faz parte do universo Sonae IM, o qual pretende constituir o maior grupo de cibersegurança europeu. Nesse sentido, os investimentos irão prosseguir. “Vão continuar a haver investimentos da Sonae IM noutras empresas, as quais poderão ser adquiridas para fusão com a S21Sec” ou poderão ser adquiridas empresas “com as quais iremos fazer parcerias estratégicas”. O responsável salientou que o grupo irá anunciar brevemente um acordo de exclusividade, para Portugal e Espanha, com uma empresa israelita, na qual a Sonae IM fez um investimento relevante.

“Acreditamos que a S21Sec tem um futuro risonho pela frente, vai continuar a crescer, quer organicamente, quer pela via da integração, focando-se sempre no core principal – prestar serviço geridos e serviços profissionais de segurança”. O posicionamento da S21Sec não passa pelo desenvolver tecnologia ou fornecer outsourcing, mas sim “solicitar aos clientes para confiarem em nós e entregarem-nos módulos da sua estratégia de segurança – seja gestão de vulnerabilidades ou resposta a incidentes”. A empresa presta praticamente uma gestão de serviço integral. “Como sabemos os objectivos e necessidades do cliente, definimos os processos e tecnologia, entregamos níveis de serviço e realizamos um executive reporting à organização, como se fossemos parte da empresa”, explicou.

Quanto à aposta noutros mercados, salientou que a empresa está a apostar principalmente em Portugal, Espanha e México, sendo o mercado espanhol aquele onde detém a maior fatia dos seus recursos humanos. “O nosso mercado natural é o das nossas línguas nativas – América Latina, Espanha, Brasil e alguns países de Africa”, referiu. Porém, não escondeu aspiração de a empresa prestar serviços para clientes europeus, nomeadamente, “em mercados onde a segurança é apreciada, como o nórdico, francês, inglês e alemão”. Aqui, acredita, “podemos ter como vantagem competitiva, não apenas a qualidade de serviço, mas também o preço”.