Jacinto apresenta ECO Camões na Segurex 2019

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A empresa Jacinto lançou o ECO Camões, na Segurex 2019. O veículo desenvolvido totalmente em Portugal distingue-se pelo facto de ser não tripulado e totalmente eléctrico.

Em declarações à Security Magazine, Jacinto Oliveira, managing director da empresa, explica que o veículo conta com duas vertentes, “a vertente de ser não tripulado, ou seja, pode ser totalmente controlado até 1km de distância” e de ser ecológico, ou seja, “totalmente eléctrico, tanto a parte de tracção como de extinção, contando com uma bomba conectada com o motor eléctrico e uma parte de tracção com quatro motores eléctricos acoplados”.



O responsável sublinha que o ECO Camões não é um carro autónomo “na medida em que não apaga fogo sozinho, necessita de alguém para o controlar, ou seja, se estivermos num cenário de risco elevado, os bombeiros podem sair do carro e comandá-lo, nomeadamente, movê-lo, proceder à extinção com bomba, controlar o carro com um painel remoto”. O veículo tem 300km de autonomia e 4h de bomba contínua, tem 10.000 l de água, 1.200l de espuma, 250l de pó, tem tracção integral 6X6 e pode ser usado fora de estrada.  Jacinto Oliveira explica ainda que “este carro em caso de incêndios em tuneis, cuja atmosfera é muito rarefeita, como  não tem um motor a combustível e é elétrico, não tem o risco de ficar imobilizado”. O nome ECO Camões foi escolhido devido ao facto de ser ecológico e ter capacidade de poder ser tripulado e não tripulado.

O projecto foi desenvolvido na Jacinto, com o auxílio do Instituto Politécnico de Leira, na área de software, e do Laboratório de Tecnologia Automóvel, ao nível de certificação e conformidade com as normas.  A iniciativa decorreu com o apoio do Portugal 2020, ao qual a Jacinto se candidatou com um projecto com um valor da candidatura estimado em 1,6 mlhões de euros.

Jacinto Oliveira explica que “o projecto começou a ser desenvolvido a 1 de Janeiro de 2017, numa ideia que já vinha de trás”. No ECO Camões, “tudo, com exceção do motor, foi feito em Portugal. A ideia, o software, a caixa desenvolvida para agrupar os motores, o sistema de controlo remoto são todos de origem portuguesa”.

O veículo está disponível para encomenda a um preço que ronda os 800 a 900 mil euros. Com o decorrer do tempo e do aperfeiçoamento de alguns componentes, como as baterias que assumem o maior peso e outros componentes que vão evoluindo, Jacinto Oliveira acredita ser possível “baixar drasticamente o preço”.

Em relação às performances do veículo,  este cumpre com as normas principais de carros de incêndio – NFPA 414, EN 1846 – 1, 2 e 3, e a ICAO dos aeroportos. O veículo pode intervir em situações florestais, urbanas, industriais, túneis ou aeroportos, entre outros. “No fundo pode combater em qualquer cenário”, refere.

“O carro foi desenvolvido em Portugal e como somos portugueses tínhamos a obrigação de o apresentar em Portugal e, por isso, decidimos apresentá-lo aqui (na Segurex), com o intuito e target de o apresentarmos na INTERSCHUTZ , maior feira do mundo de carros de incêndio e segurança, na Alemanha, em 2020. Consideramos que esse será o certame ideal para apresentar a novidade e fazermos algumas demonstrações”, avança o responsável.

Jacinto Oliveira diz não conhecer nenhum veículo com estas valências a nível mundial. “Um carro que seja tripulado com a opção de não tripulado, não conheço nenhum no mundo”, diz.

Com 65 anos, a Jacinto, empresa de Esmoriz, vai na quarta geração, conta com 130 colaboradores, um volume de negócios de cerca de 25 milhões de euros e exporta para mais de 28 países, com um volume de exportação de 72% (2017).

De forma a expandir a sua actividade, Jacinto Oliveira explica que a empresa “procura sempre novos mercados porque um país que compre uma quantidade aceitável de carros de bombeiros dificilmente volta a comprar tão sedo, por isso, temos essa necessidade de expandirmos a actividade”.

Hoje são produzidos pela unidade portuguesa cerca de 180 camiões de bombeiros por ano. “A nossa meta é fazermos um por dia útil, ou seja, 225”. Neste sentido, a empresa está a alargar as instalações e a modificar alguns fluxos de produção e layouts para melhorar a eficiência da empresa e aumentar o volume e capacidade de produção.



Além destes projectos, a internacionalização também está nos planos da empresa. “Queremos expandir e estamos a analisar o modelo de negócio. Além do mercado europeu (Espanha e França), destaco o mercado sul-americano. Além disso, estamos a estudar dentro de três a quatro anos dar o salto e escolher um dos países que nos dêem mais vantagens e criar um modelo de negócio compatível com a produção em Portugal”. “Não vamos deslocalizar a empresa”, destaca o responsável, salientando que o objectivo é começar num outro país, quase como um piloto, desenvolver sinergias com a produção em Portugal e encontrar um modelo de negócio que ainda está em fase de estudo.

A empresa começou com bombas manuais de tirar água de poços. Na década de 60 -70 , os responsáveis perceberam que poderiam aplicar as bombas na parte do incêndio, uma necessidade das populações da altura. Em 80, a empresa faz uma parceria com a Toyota e fez o primeiro protótipo de combate a incêndio florestal, em que realizou uma transformação de uma Toyota Dyna 4X2 para 4X4 equipada para bombeiros. Na altura fez cerca de 200 camiões. Em 2005, entrou no mercado externo com a venda do primeiro veiculo para Norte de Espanha. Em 2010, após a participação na feira internacional da Alemanha alavancou o mercado internacional.

Esperamos que no futuro possamos continuar a apresentar coisas novas. Estar atentos ao mercado é muito importante, isto porque a evolução da tecnologia pode alterar o mercado a qualquer momento. Há outras coisas que estão a aparecer e temos de estar atentos e adaptar a nossa realidade ao que  está a acontecer para não ficarmos fora da corrida no futuro”, conclui.

O veículo pode ainda ser visto na Segurex 2019 durante o dia de sábado (11 de Maio), na FIL.

Na próxima edição da Security Magazine fique a conhecer os vencedores dos Prémios Inovação da Segurex.