Ciberataques preocupam empresas portuguesas

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O risco de ataques cibernéticos é o que mais preocupa as empresas nacionais, a nível interno e externo, aponta o estudo “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os riscos 2020” da Marsh Portugal.

A recolha de dados, relacionados com a percepção das empresas, que suportam este estudo foi feita entre o mês de Janeiro e o início de Fevereiro de 2020, razão pela qual as preocupações demonstradas com o efeito da pandemia não estão ainda muito presentes.

Este estudo, que se realiza pelo sexto ano consecutivo, tem como principais objectivos identificar os potenciais riscos que as empresas consideram que o mundo e elas próprias irão enfrentar, analisando, também, a evolução do papel da gestão de riscos nas empresas portuguesas. Para a realização deste estudo, a Marsh contou com a participação de 170 empresas portuguesas, pertencentes a 22 sectores de actividade, com diferentes volumes de facturação, bem como de número de colaboradores. Dentro das empresas respondentes, 81% não são cotadas em bolsa. Este estudo nacional, realizado pela Marsh Portugal, pretende fazer uma ponte com o “Global Risks Report 2020”, desenvolvido pelo World Economic Forum e que contou com o apoio de parceiros estratégicos na sua elaboração, como o Grupo Marsh & McLennan.

Estudo nacional “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2020”: Principais Riscos

De acordo com o presente estudo da Marsh, 55% das empresas portuguesas considera que os “ataques cibernéticos em grande escala” são o principal risco que o mundo poderá vir a enfrentar em 2020, seguido de “eventos climáticos extremos” com 39%. Em terceiro lugar, surgem as “crises fiscais e financeiras em economias chave” com 37%; em quarto lugar, com 32%, os “ataques terroristas em larga escala”;e em quinto a “instabilidade social profunda”, com 26%.

Ao analisar a evolução dos resultados ao longo dos últimos 5 anos, o risco “ataques cibernéticos em grande escala” tem-se mantido em primeiro lugar, no top das preocupações dos empresários, desde 2018. Os riscos ambientais, que este ano ganharam forte destaque no Global Risks Report, têm estado presentes nas respostas dos empresários ao longo dos últimos cinco anos, através do risco de “eventos climáticos extremos”, que se mantém até 2020, e sempre com mais de 30% de respostas.

Sobre os riscos que as empresas receiam vir a enfrentar no ano de 2020, 56% afirma que os “ataques cibernéticos” é o risco com maior probabilidade de ocorrer, seguido da “retenção de talentos”, com 41%. Em terceiro lugar surge a “instabilidade política ou social”, com 40%, e, em quarto e quinto lugares, respectivamente, estão os “eventos climáticos extremos”, com 35%, e a “concorrência”, com 24%.

“A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2020” revela uma crescente consciencialização e preocupação por parte das organizações portuguesas sobre o risco cibernético, que, através de esquemas sofisticados, podem interromper o negócio das empresas, cadeias de fornecimento e nações, custando biliões à economia e afectando qualquer sector. A dura verdade que as organizações devem enfrentar é que o risco cibernético pode ser mitigado e gerido, mas não pode ser eliminado.

É ainda importante referir que, não fazendo parte do top5 dos riscos identificados, já em Janeiro de 2020 16% das empresas portuguesas identificou o risco de “pandemia/propagação rápida de doenças infecciosas” como um dos riscos que poderia afectar o mundo; e 6% como um dos riscos que a sua empresa iria enfrentar. Fernando Chaves, comenta que “Este nível de resposta é para nós bastante relevante, não só porque as respostas foram dadas numa altura em que o surto de COVID-19 estava ainda confinado ao território da China, mas especialmente porque entendemos a dificuldade de seleccionar 5 riscos, entre muitos outros que podem ser igualmente relevantes e com maior probabilidade de se tornarem reais.”

O Especialista de Risco da Marsh Portugal acrescenta que: “2020 ficará marcado nas nossas vidas, como o ano em que o mundo parou para lutar contra uma pandemia. Um ano que está a ser um desafio enorme para todos, sem exceção, e os próximos meses podem continuar a ser asfixiantes para muitas empresas. Assistiremos a um maior número de ataques cibernéticos aos sistemas informáticos estatais e da generalidade de empresas e particulares, criando ainda maior disrupção e riqueza para organizações criminosas e terroristas. Serão tempos em que as forças políticas podem mudar de posição e as lutas pelo poder poderão dar origem a novas esperanças ou ainda maiores receios.”

As Empresas Portuguesas e a Gestão de Riscos

Cerca de 90% das empresas inquiridas afirma que a importância dada pela sua organização à gestão de riscos é suficiente ou elevada. Este indicativo, bastante positivo, revela que, muito provavelmente, as empresas portuguesas estão a investir cada vez mais na gestão de riscos, tornando-se mais bem-sucedidas e, sobretudo, mais resilientes a eventos atípicos, como este que estamos a vivenciar nos últimos meses. Relativamente aos valores orçamentados para a gestão de riscos em 2020, 35% das empresas afirma ter aumentado e 44% afirma ter estabilizado. Este é, também, um bom indicador das empresas nacionais, ainda que com margem de progressão, considerando os 20% de respostas a dar nota não saber ou poder comparar com o ano anterior.

Rodrigo Simões de Almeida, Country Manager da Marsh Portugal, afirma que“A gestão de riscos é uma peça crucial nos modelos de gestão. A gestão de riscos está a experienciar um bom momento, algo que pode ser testemunhado nos resultados deste estudo. No entanto, a difusão de Enterprise Risk Management (ERM) ainda não é homogénea e o momento de pandemia que vivemos veio stressar os modelos de ERM, nomeadamente do ponto de vista preditivo, bem como de quantificação, o que nos próximos anos se poderá refletir num aumento do investimento nesta matéria. As empresas com uma gestão de riscos bem implementada são as mais resilientes em momentos difíceis como o que vivemos. E talvez por isso, continuam a encontrar oportunidades para continuarem a crescer.”