ASIS Portugal foi hoje apresentada ao mercado

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O capitulo português da ASIS Internacional foi hoje apresentado ao mercado. Este é o capitulo 319 daquela que se assume como uma das principais associações mundiais na área corporativa no sector da segurança. A Security Magazine entrevistou André Rodrigues, chairman da ASIS Portugal, que se focou nos principais desafios e propósitos da associação. Sobre o estado da maturidade em matéria de segurança das empresas nacionais, salienta que “em Portugal não temos uma «cultura de segurança» desajustada, mas devemos tornar-nos mais conscientes dos riscos a que as organizações estão sujeitas e sobretudo mais conscientes do que deve ser feito para prevenir que estes se materializem”.

Security Magazine – O que o levou a abraçar este projecto como chairman da ASIS Portugal? Como é que a segurança surgiu na sua vida?

André Rodrigues – Dediquei toda a minha vida profissional, académica, e associativa à segurança de pessoas e organizações. A ASIS International é uma organização que, com reconhecimento mundial e consentâneo, se afirmou como uma autoridade em matéria de discussão, produção e disseminação das melhores práticas na área da segurança corporativa.

Em parte por ser membro da ASIS International e ter esta visão do melhor que se faz no mundo na área da segurança corporativa, considero que podemos contribuir significativamente para o desenvolvimento da actividade em Portugal e dos que nela participam.

A ASIS Portugal é composta por, tal como eu, outros profissionais que tem a mesma paixão pela actividade e entendimento sobre o potencial da iniciativa.

Percebemos desde logo, nas primeiras interacções, que tal como nós partilhávamos a mesma visão sobre a actividade e o que poderíamos fazer para a desenvolver no nosso país, outros profissionais poderão também identificar-se e eventualmente integrar este projecto que visa beneficiar a indústria e as pessoas que a protagonizam.

Por esse motivo, e porque acreditamos que podemos ter um impacto real no desenvolvimento dos profissionais e por consequência na segurança das suas organizações, surgiu a ASIS Portugal, Capítulo 319 da ASIS International.

Para quem ainda não sabe, quem é a ASIS, qual tem sido a sua evolução ao longo dos anos e qual a sua importância para o sector?

A ASIS International assume-se como a organização líder mundial na área da segurança corporativa. Fundada em 1955, com mais de 34.000 membros registados no final do ano de 2020 e representada por mais de 200 Capítulos em todos os continentes.

A ASIS International congrega membros de uma enorme panóplia de actividades relacionadas com a segurança corporativa, mas não exclusivamente dado que podemos encontrar membros pertencentes às forças e serviços de segurança dos vários países, de serviços de intelligence, meios académicos, indústria propriamente dita, incluindo R&D, entre muitos outros.

Encontramos também membros que pretendem iniciar um projecto profissional na área da segurança corporativa, por exemplo, e com uma importância histórica significativa, os membros que estejam num processo de transição das Forças e Serviços de Segurança, ou das Forças Armadas, para o sector da segurança corporativa.

Os membros da ASIS International obrigam-se também ao cumprimento de um código de ética que deve pautar o exercício de funções relacionadas com a segurança corporativa.

O sector de hoje não é em nada parecido com o sector das últimas décadas, e este principio de constante mudança continuará a pautar a actividade nas próximas décadas, de forma até crescente.

O contributo da ASIS International tem sido justamente o de acompanhar, e ajudar os seus membros a acompanhar, os desenvolvimentos na área da segurança corporativa.

Este contributo é notável em algumas das mais recentes iniciativas da ASIS International:

  • A inclusão no Plano Estratégico da ASIS International para 2020-2024 dos seguintes objectivos:
    • Acelerar a transformação digital: A ASIS pretende ser uma organização líder na edificação de conhecimento relativo à segurança na transformação digital das organizações;
    • Elevar a função segurança para influenciar o sucesso das organizações: A ASIS pretende posicionar a gestão de riscos de segurança como elemento fundamental para o sucesso das organizações;
  • A investigação sobre e a promoção da convergência entre funções relacionadas com a segurança corporativa, as tradicionais e as emergentes, em que incluímos a segurança física e cibersegurança;
  • Promover a ESRM (Enterprise Security Risk Management) como metodologia de referência para a gestão da segurança nas organizações, através do desenvolvimento de ferramentas e modelos que apoiem os membros da ASIS a implementar a metodologia

A segurança nas organizações está a mudar, e queremos ser reconhecidos como  um  recurso privilegiado dos profissionais e organizações para se posicionarem e gerirem este processo de desenvolvimento.

Que motivos trouxeram a ASIS para este novo Capítulo, em Portugal, e porquê só agora, quando, por exemplo, em Espanha já se encontra há mais de 30 anos? 

O Capítulo de Espanha é o mais antigo da Europa e foi pioneiro na regionalização da ASIS International, sendo actualmente uma organização muito activa no desenvolvimento da indústria da segurança.

Por uma série de factores, a actividade da segurança corporativa em Espanha tem uma relevância que em Portugal ainda não tem. Não pretendemos estabelecer uma relação entre o desenvolvimento da indústria em Espanha e a relevância e antiguidade do Capítulo ASIS Espanha, mas garantidamente existem pontos de convergência que merecem a nossa reflexão.

Posto isto, destaco dois motivos para a criação de um Capítulo em Portugal neste momento:

  • O primeiro é a vontade dos membros da ASIS em Portugal de que um desejo com vários anos se materializasse. Já tinham existido outras iniciativas de constituir um Capítulo da ASIS em Portugal, que por variados motivos acabaram por não avançar. Afirmamos sem qualquer desprimor que a representação da ASIS em Portugal é muito diminuta, portanto esta é uma iniciativa que sabemos carecer de uma visão a longo prazo, estratégica, centrada no desenvolvimento da atividade de segurança corporativa através do engajamento de profissionais e organizações.
  • O segundo refere-se ao apoio ao mais alto nível que recebemos da ASIS International quando apresentámos o nosso projecto para Portugal. Sinto vaidade em partilhar que desde as primeiras interações deixámos claro que queríamos ser um Capítulo de referência na implementação da ASIS na Europa e dar um contributo muito significativo ao desenvolvimento e valorização da área da segurança corporativa na Europa. As nossas ambições são de facto elevadas e pretendemos posicionar Portugal como plataforma na Europa para o desenvolvimento da área da segurança corporativa, mas é importante referir que por mais que trabalhemos, o nosso impacto será em grande medida ditado pelo acolhimento dos profissionais e organizações.

Como avalia a maturidade da segurança das nossas empresas, bem como a consciencialização para a necessidade de desenvolvimento de uma verdadeira cultura de segurança nas organizações?

A análise que faço sobre esta questão será sempre muito genérica considerando profundidade dos temas que a compõem. Olhando para a segurança das organizações de uma forma muito transversal e não sectorial, portanto desde a cibersegurança à segurança física, a verdade é que temos organizações em Portugal que operam ao mais alto nível de maturidade, e outras que não estão tão cientes dos riscos que se colocam sobre os seus ativos.

Nem todas as organizações tem que ter um dispositivo avançado em termos de segurança, mas todas deveriam saber pelo menos qualificar os riscos a que estão sujeitas tendo em consideração o referido dispositivo.

A “cultura de segurança”, muito genericamente, é uma expressão que caracteriza a relação entre a cultura de uma organização e adopção de práticas de segurança por parte das pessoas que as integram.

Na verdade não existe uma cultura de segurança ideal e transversal, pois tudo depende dos objectivos de uma organização e da forma como pretende lidar com os riscos a que está sujeita.

Com isto quero dizer que uma organização que conheça os riscos a que está sujeita e com uma decisão informada opte por ter um dispositivo de segurança muito modesto, não é necessariamente menos consciente que uma organização que tenha um dispositivo muito avançado.

Assim sendo, outra vez muito genericamente, acho que em Portugal não temos uma “cultura de segurança” desajustada, mas devemos tornar-nos mais conscientes dos riscos a que as organizações estão sujeitas e sobretudo mais conscientes do que deve ser feito para prevenir que estes se materializem.

O mundo está a mudar a uma velocidade incomensurável, e o valor dos activos como os conhecemos muda todos os dias sem que a grande maioria de nós se consiga disso inteirar em tempo útil, portanto a forma como protegemos os nossos activos também tem que se adaptar. E tem vindo a adaptar-se, mas seguramente de forma mais notória em algumas organizações, por oposição a muitas outras.

Qual será o foco da ASIS Portugal, as grandes áreas de actuação e as perspectivas para este primeiro ano de actividade?

Estamos sobretudo focados em nos dar a conhecer aos profissionais e organizações. Queremos ser vistos pela indústria como uma plataforma de convergência, primeiro, entre profissionais de todas as áreas de actividade relacionadas com a segurança, de todos os níveis hierárquicos, e das organizações que representam, e segundo, de todos estes com aquilo que a ASIS International tem para oferecer – uma porta aberta para o mundo da segurança corporativa, com acesso às melhores práticas, aos mais reconhecidos profissionais e organizações, bem como à visibilidade e antecipação de novos riscos e novas práticas.

Pretendemos ter uma intervenção baseada no melhor conhecimento técnico-científico disponível na área da segurança corporativa, posicionando a ASIS Portugal como uma referência na sua área de actividade. Temos também o objectivo de incluir na nossa agenda e na agenda da indústria iniciativas que promovam a inclusão, a diversidade, e a responsabilidade social.

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