A tecnologia ao serviço da segurança rodoviária

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A União Europeia quer reforçar a segurança rodoviária na Europa, definindo 2050 como o ano de concretização do Objetivo Zero ou Visão Zero e contando com a ajuda dos avanços tecnológicos.  A partir de maio de 2022, os novos modelos de veículos fabricados e vendidos na Europa terão, obrigatoriamente, novos equipamentos de segurança

Os veículos atuais foram progressivamente melhorados, comparativamente com o passado, consequência de um trabalho de décadas efetuado pelos países mais desenvolvidos. Os princípios da responsabilidade rodoviária são incutidos desde cedo aos passageiros: até os mais pequenos sabem como é importante a colocação do cinto, sendo que a segurança está longe de se resumir a esse gesto.

Atualmente, os veículos automóveis já possuem equipamentos mais complexos e reativos a imprevistos, com ganhos no conforto e nos consumos, mas o principal benefício é, sem dúvida, a segurança rodoviária.

A União Europeia (UE) quer reforçar a segurança rodoviária na Europa e, para tal, a partir de maio de 2022, estabeleceu a obrigatoriedade de os novos modelos de veículos fabricados e vendidos no espaço europeu virem equipados com novos mecanismos de segurança. Já para os modelos existentes, a obrigatoriedade passa para maio de 2024.

Para esta evolução também contribuiu muito o Programa Europeu de Avaliação de Novos Automóveis (Euro NCAP), gerido por clubes de automobilistas, institutos de pesquisa e transporte. Existe uma relação direta entre os resultados do teste Euro NCAP e os resultados dos acidentes: os veículos com classificação de cinco estrelas têm um risco 68% menor de lesões fatais e um risco 23% menor de ferimentos graves do que veículos com classificação de duas estrelas.

Sabemos que, atualmente, a cada ano, 25 mil pessoas perdem a vida nas estradas da UE, sendo 90% dos acidentes causados por erro humano.

Com estes avanços tecnológicos existe uma estimativa (da EU) conservadora de que, em 2030, serão salvas, pelo menos, 7 300 vidas e evitados 38 900 ferimentos graves. E até 2038, espera-se uma redução de mais de 25 mil mortes nas estradas e de 140 mil feridos graves. Até 2050, a UE conta reduzir para zero o número de acidentes mortais e feridos graves.

1. Equipamentos que já permitem uma melhoria significativa da segurança na estrada

  • Assistente de faixa de rodagem: as marcações da estrada são detetadas e o veículo é posicionado automaticamente dentro da faixa.
  • Assistente de velocidade inteligente: ligado ao sistema de navegação, ajusta a velocidade, tendo em conta os limites de velocidade no local onde o veículo circula, e assegura a distância de segurança em relação ao veículo da frente.
  • Deteção de ângulo morto: sinaliza veículos que se deslocam no mesmo sentido atrás do veículo e em ângulos de visão reduzidos, evitando embates em caso de manobras sem visão dos veículos “escondidos”.
  • Front assist: deteta e avisa os condutores em relação aos veículos à sua frente, recorrendo a alertas visuais ou sonoros. Em caso de alteração inesperada, nomeadamente uma travagem, o assistente irá também travar, evitando a colisão.
  • Assistente pré-colisão: em situações de possível colisão iminente, o assistente antecipa o impacto, através de sensores, ajusta os cintos de segurança e fecha as janelas.
  • Chamada de emergência (e-Call): em caso de acidente grave, o serviço e-Call informa imediatamente os serviços de emergência (também disponível uma chamada num botão de emergência).
  • Assistente de emergência: se não for detetada nenhuma ação do condutor, o automóvel assume o controlo de forma autónoma, ativa as luzes de aviso e vai travando até parar.
  • Reconhecimento de sinais de trânsito: identifica os sinais de trânsito e mostra a informação no ecrã do sistema de navegação.
  • outros mecanismos importantes: comandos de voz (é possível um condutor controlar o telemóvel, o rádio e os equipamentos media, de forma a evitar distrações) ou tácteis (o condutor pode também controlar a informação presente no ecrã, com toques ou gestos simples).

2. Novas tecnologias de segurança obrigatórias a partir de 2022 para se atingir o objetivo de zero mortes na estrada

Já referidas anteriormente

  • Assistentes de velocidade inteligente.
  • Controlo de pressão dos pneus.
  • Câmara de visão traseira e sistemas de deteção de obstáculos.
  • Assistentes de faixa de rodagem.
  • Sistemas de travagem de emergência autónoma.

Novos sistemas:

  • Sistemas que detetam cansaço e distrações ao volante: um conjunto de sensores permite identificar fatores de risco relacionados com a fadiga e distração.
  • Registo de informação de acidentes: ajudarão a determinar as causas reais do acidente.
  • Sinal de travagem de emergência: emite um sinal luminoso para avisar outros condutores desta manobra.
  • Cintos de segurança melhorados, para minimizar os efeitos das colisões frontais.
  • Ampliação das zonas de impacto do veículo, para minimizar as consequências do impacto com ciclistas ou peões. Também inclui uma melhoria dos vidros do veículo com um material mais seguro.
  • Reforço dos sistemas de proteção do veículo em caso de impacto lateral.
  • Sistema de deteção e alerta de peões vulneráveis na via.
  • Melhoria da visão do condutor, permite detetar melhor os utilizadores da via.
  • Possibilidade de instalação de sistemas de bloqueio de arranque do veículo, quando o condutor está sob o efeito do álcool.

De referir ainda a utilização mais frequente de Sistemas de telemetria: têm um importante papel na segurança rodoviária, na eficiência da condução, na prevenção de avarias e controlo da manutenção, assim como na otimização das operações de transporte e distribuição. Atualmente, muitas marcas de automóveis já equipam os seus veículos com soluções de telemetria, à saída da fábrica.

Outros desenvolvimentos já em preparação

A Comissão Europeia está a avaliar a necessidade de novas ações, incluindo a avaliação do desempenho de aderência em pneus em fim de vida, e nos testes de inspeção técnica dos veículos.

Um grande investimento está a ser dedicado ao desenvolvimento de veículos conectados e automatizados e a sua interação com outros utentes da estrada e com a infraestrutura rodoviária.

Também estão a ser revistas as inspeções técnicas regulares para os motociclos, que deverão passar a incluir os veículos com menos de 125 cc, e uma atenção especial para todos os veículos em serviços como entregas, à semelhança do que já acontece com táxis e ambulâncias.

O equipamento de segurança dos motociclos deverá ser reforçado, tendo em conta a elevada sinistralidade verificada com estes veículos.

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