CEO fraud, phishing, ransomware e burlas entre as principais denúncias de cibercrime em Portugal

Cibersegurança e InfoSec Notícias

O Gabinete Cibercrime, do Ministério Público, avançou que no primeiro semestre de 2021, o aumento de denúncias de cibercrime “foi ainda mais expressivo do que tinha sido em 2020. Até 30 de Junho de 2021 foram recebidas 594 denúncias – durante todo o ano de 2020 tinham sido recebidas 544. Um destaque para o crescimento do CEO fraud, phishing e ransomware.

A manter-se esta tendência, “espera-se que no final do ano as denúncias de cibercrime em 2021 mais que dupliquem o número das denúncias de 2020”.

A análise por períodos de duas semanas revela ainda um outro aspecto “extremamente relevante”. Tal como ocorreu em 2020, em 2021, nos períodos de confinamento decorrentes da pandemia, “as denúncias aumentaram extraordinariamente”.

Tal como aconteceu ao longo de todo o ano de 2020, um dos fenómenos criminosos que mais motivou denúncias no primeiro semestre de 2021, foi o “das defraudações na utilização da aplicação de pagamentos MBWAY”. “Trata-se de um fenómeno que tem atingido milhares de vítimas em todo o
território nacional, causando prejuízos que, no seu conjunto são muito avultados”, diz.

Outros dos fenómenos que continuou a motivar um grande número de denúncias no primeiro semestre de 2021, foi o do phishing. Continuam
a multiplicar-se, de forma regular, campanhas de phishing especificamente dirigidas a vítimas em Portugal (bancos portugueses).

2021 trouxe, porém, uma importante evolução nas companhas de phishing, que passaram a visar mais intensamente dados de cartões de crédito.

As iniciativas de ransomware repetiram-se ao longo do semestre, dando origem a múltiplas denúncias (8% das que foram remetidas para inquérito). Este tipo de crime continua a vitimar muitas pequenas e médias empresas.

As burlas online continuam a ser o fenómeno de cibercriminalidade que tem provocado mais prejuízo económico aos portugueses, a julgar pelas denúncias recebidas.

Foram denunciadas inúmeras formas de burla, com utilização de diversas plataformas online legítimas (correspondendo a 30% das denúncias remetidas para inquérito).

Muitas destas situações são burlas de pequenos valores, respeitando sobretudo a vendas fraudulentas de vestuário, calçado, ou equipamento desportivo ou de lazer.

No primeiro semestre de 2021 tiveram enorme expansão as páginas que oferecem, na Internet, fraudulentamente negócios de investimentos, em criptomoedas e outros activos financeiros.

As situações ocorrem nas plataformas habituais de venda legítima, mais frequentemente nas redes sociais (e designadamente no Facebook e no Instagram). A técnica usada é repetida: criação de contas em que se disponibilizam produtos para venda e são efetivamente vendidos e pagos pela vítima, mas nunca entregues.

Continuaram a ser recebidas denúncias de burlas relacionadas com relacionamentos pessoais, amorosos, estabelecidos, à distância, pela Internet, com desconhecidos (por exemplo supostos militares da ONU em serviço no Iraque, ou comandantes de navios a navegar em alto mar). Nalguns casos, estas burlas provocaram prejuízos de dezenas de milhares de euros às vítimas.

Durante o primeiro semestre de 2021 assumiram expressão as denúncias respeitantes a burlas com transações sobre criptomoedas.

A violação da privacidade e a divulgação online de dados pessoais (ou fotografias) continuou a motivar também muitas das queixas recebidas (cerca de 9% dos casos remetidos para inquérito). Tais denúncias incidiram sobretudo sobre o uso não autorizado de fotografias, por exemplo na criação de perfis ou contas em páginas de encontros ou de anúncios de prostituição, associando-se a esses perfis fotografias íntimas e dados verdadeiros das vítimas.

Continuaram a ser recebidas no primeiro semestre de 2021 algumas denúncias em que se reportavam factos traduzindo manifestações do chamado discurso de ódio: sobretudo de textos e comentários em redes sociais, em que se incitava ao ódio, à violência, ou ainda à discriminação, por motivos raciais ou étnicos.

CEO fraud

Igualmente visando sociedades ou outras unidades económicas, foram denunciadas muitas situações de chamada “CEO fraud”. Esta é uma técnica de engenharia social pela qual se pretende induzir em erro a estrutura empresarial, levando-a a efectuar pagamentos a terceiros (os criminosos), que se fazem passar por autênticos fornecedores ou parceiros de negócio da empresa.

Foram efectuadas muitas denúncias deste tipo por entidades estrangeiras, queixando-se de que foram enganosamente induzidas a efectuar pagamentos para contas bancárias de bancos em Portugal.

Do mesmo modo, entidades portuguesas denunciaram ter efectuado pagamentos sobre contas bancárias estrangeiras.

Este tipo de denúncias correspondeu a cerca de 9 % das que foram remetidas para inquérito.

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