Europol: terrorismo continuou a representar uma ameaça grave para os Estados-Membros da UE em 2022

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O terrorismo continuou a representar uma ameaça grave para os Estados-Membros da UE em 2022. Foram registados 28 ataques concluídos, falhados ou frustrados na UE. Foram concluídos 16 atentados, dos quais a maioria foi atribuída ao terrorismo de esquerda e anarquista (13), dois ao terrorismo jiadista e um ao terrorismo de direita. Esta é uma das conclusões do relatório sobre a situação e tendências do terrorismo na União Europeia 2023 da Europol.

Em 2022, registaram-se quatro vítimas mortais, duas resultantes de ataques
terroristas jihadistas e duas de um ataque terrorista de direita. O número total de ataques aumentou em comparação com 2021 (18), mas permaneceu inferior ao de 2020 (56), potencialmente devido à categorização variável dos ataques terroristas de esquerda por países declarantes ao longo dos últimos anos.

380 pessoas foram detidas pelas autoridades de aplicação da lei dos Estados Membros da UE em 2022 por infracções relacionadas com o terrorismo.

A maioria das detenções foi realizada na sequência de investigações sobre o terrorismo jhadista, em França (93), Espanha (46), Alemanha (30) e Bélgica (22).

Os processos judiciais em 2022 resultaram em 427 condenações e absolvições por infrações terroristas.

Todos os processos judiciais relativos ao terrorismo de direita e de esquerda resultaram em condenações, enquanto a taxa de condenação por terrorismo jihadista foi de 84 % e para o terrorismo separatista de 68 %.

A maior parte dos ataques terroristas de esquerda foram perpetrados utilizando dispositivos incendiários improvisados, aceleradores de incêndios e engenhos explosivos improvisados.

Os três ataques fatais notificados em 2022 foram levados a cabo com recurso a armas brancas e estrangulamento por terroristas jiadistas, e a uma arma de fogo por um terrorista de direita.

Na UE, a filiação em grupos específicos, como o EI e a al-Qaeda, está a tornar-se menos proeminente entre os apoiantes do jiadismo.

Em 2022, vários Estados-Membros comunicaram que suspeitos jihadistas estavam a recolher e a divulgar material de propaganda proveniente tanto do EI como da Al-Qaeda, incluindo algum anterior à separação entre as duas organizações terroristas.

Os terroristas e extremistas de direita propagam uma infinidade de narrativas, principalmente online.

Há pouco consenso sobre os temas e as ideologias, que são sempre mistos e muitas vezes contraditórios. Os desenvolvimentos contemporâneos fora da internet que se repercutem nas suas próprias queixas impulsionam o discurso online.

Em 2022, o pessoal da polícia foi um dos principais alvos de ataques violentos perpetrados por actores extremistas de esquerda e anarquistas.
Esta violência resultou em ataques premeditados e direccionados contra as autoridades policiais, tanto durante o serviço como fora, incluindo ataques a veículos particulares e a residências.

A Internet e a tecnologia continuaram a ser cruciais facilitadores da propaganda, bem como a radicalização e o recrutamento de indivíduos vulneráveis para o terrorismo e o extremismo violento.

Para além das plataformas de redes sociais, das aplicações de mensagens disponíveis abertamente, dos fóruns online e das plataformas de jogos de vídeo, as plataformas descentralizadas parecem ter conquistado popularidade nos círculos terroristas e extremistas violentos, comprometendo significativamente a monitorização e as investigações policiais.

Apesar de enraizados em diferentes ideologias e contextos, os terroristas e os extremistas violentos têm interesses e práticas comuns.

Alguns exemplos destes são a exploração dos mesmos tópicos, a utilização dos mesmos ambientes digitais e a adopção de técnicas semelhantes para a
divulgação de conteúdos.

As reacções mais visíveis à guerra de agressão russa contra a Ucrânia surgiram nos primeiros meses da guerra, em grande parte no meio extremista de direita, materializando-se em mensagens em linha e num número limitado de filiados extremistas de direita que viajaram para se juntar ao campo de batalha.

Embora o interesse pela guerra neste meio pareça ter diminuído gradualmente ao longo do resto de 2022, a desinformação e as narrativas distorcidas relacionadas com o conflito ainda alimentam narrativas terroristas e extremistas violentas, independentemente da ideologia propagada.

Em Portugal, destaca-se uma detenção terrorista no último ano.