Por Susana Antunes, Técnica de saúde e segurança no trabalho, Pingo Doce, Jerónimo Martins
De repente tudo mudou e o que sabíamos ser certo e confortável desapareceu para dar lugar ao desconhecido, invisível e ameaçador.
Este vírus veio alterar para sempre a maneira como existimos e, consequentemente, como desenvolvemos as nossas actividades profissionais, passando a área de saúde e segurança (SST) a ter a devida importância e a ser vista, finalmente, com uns óculos com a graduação correta. Esta nova normalidade acarreta uma responsabilidade ainda maior, de protegermos os nossos colaboradores e também os seus familiares.
A responsabilidade de cumprirmos as novas regras de SST surge atrelada da obrigação de sermos todos agentes de saúde pública, pois uma falha no nosso local de trabalho pode resultar numa desfecho gravoso para quem nos rodeia.
Esta nova normalidade traz-nos também muitos desafios. De um momento para o outro, obriga-nos a reinventar a área de SST. Vimo-nos forçados a mudar, sem sabermos dizer se o novo normal será pior ou melhor. Sabemos apenas que terá que ser certamente muito diferente. Em algumas situações vemo-nos obrigados a ser o mais prático possível e infelizmente a perdermos por obrigação de cumprirmos o distanciamento social, a proximidade aos outros, o que nos faz tanta falta, ainda mais quando trabalhamos com pessoas. Esta necessidade, certamente, nos conduzirá a repensar como poderemos desenvolver o nosso trabalho com a proximidade que nos é requerida.
Percebemos que muito do trabalho é passível de ser efetuado em teletrabalho, mas a velocidade em que esta mudança se deu não permitiu analisar e preparar os colaboradores para os impactos positivos e negativos nas suas vidas, bem como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Sendo que grande parte dos colaboradores em teletrabalho alega “a dificuldade em desligar”. Outro desafio que nos é apresentado é como devemos lidar com esta nova forma de trabalho e com os diferentes espaços de trabalho. Estando os colaboradores em teletrabalho, algumas das regras de SST terão de ser revistas por forma a dar resposta a esta nova realidade.
Das poucas certezas que tenho é que devemos aprender, rapidamente, como podemos incorporar algumas destas medidas na nossa rotina diária laboral para sempre, sem impactar nos negócios das empresas, para que quando apareça uma nova ameaça deste tipo, estejamos melhor preparados e que o impacto seja o menor possível, em todos os sentidos. Até lá, as regras de SST, impostas para controlar o risco de contaminação pelo novo coronavírus, COVID- 19, serão fundamentais até ao aparecimento de uma vacina e até que seja alcançada a imunidade de grupo.